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A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog.A TEORIA DO VALOR
Voltando, depois de muito tempo, a fazer um post de teoria econômica pura. Economia política, se preferir. Para elucidar um pouco a cabeça dos leigos, há de se fazer uma análise geral sobre o que é valor. Valor na economia difere de preço, cotação, tabelamento, etc. Tentarei mostrar nesse post as diferentes teorias sobre o A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
BEM VINDOS AO BLOG CONHECIMENTO ECONÔMICO!TRANSLATE THIS PAGE Bem vindos ao blog Conhecimento Econômico! 13 segunda-feira abr 2015. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 5 Comentários. Crio este espaço para compartilhar meus pensamentos e análises em relação a economia, teoria econômica, política, ciência e tecnologia, desenvolvimento, TI (tecnologia da informação), comportamento,urbanismo
A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog.A TEORIA DO VALOR
Voltando, depois de muito tempo, a fazer um post de teoria econômica pura. Economia política, se preferir. Para elucidar um pouco a cabeça dos leigos, há de se fazer uma análise geral sobre o que é valor. Valor na economia difere de preço, cotação, tabelamento, etc. Tentarei mostrar nesse post as diferentes teorias sobre o A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
BEM VINDOS AO BLOG CONHECIMENTO ECONÔMICO!TRANSLATE THIS PAGE Bem vindos ao blog Conhecimento Econômico! 13 segunda-feira abr 2015. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 5 Comentários. Crio este espaço para compartilhar meus pensamentos e análises em relação a economia, teoria econômica, política, ciência e tecnologia, desenvolvimento, TI (tecnologia da informação), comportamento,urbanismo
A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
SEQUENCIAL DA CRISE 2020 Eu não lembro como aconteceu de forma sequencial a crise de 2008. Hoje sabemos que foi a segunda maior crise da história do capitalismo, somente após o crash de 1929. No início de 2008 eu tinha exatos 22 anos. Ainda não tinha cursado nenhuma universidade e era recém graduado no ensino médio, através de uma PARA ONDE VAI O DÓLAR? Para onde vai o dólar? – Parte II. 06 sexta-feira mar 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Continuando a saga do dólar, esse segundo post sobre o assunto vou dedicar-me a falar da nova estrela do asset management do Brasil, o Sr. Henrique Bredda. Não só por ele estar muito em evidência, mas também porque LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
BEM VINDOS AO BLOG CONHECIMENTO ECONÔMICO!TRANSLATE THIS PAGE Bem vindos ao blog Conhecimento Econômico! 13 segunda-feira abr 2015. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 5 Comentários. Crio este espaço para compartilhar meus pensamentos e análises em relação a economia, teoria econômica, política, ciência e tecnologia, desenvolvimento, TI (tecnologia da informação), comportamento,urbanismo
CARNAVAL É BOM PRA ECONOMIA? Comecei um esboço desse post em pleno carnaval, festa que eu nunca fui muito chegado, mas só agora decidi publicar O motivo é porque sempre nessa época do ano (fevereiro e março) surge a eterna ladainha: - "carnaval é bom pra economia!". Mais ou menos, mais ou menos Não é tão simples assim. Se carnaval O DESASTRE DO GOVERNO DILMA O desastre do governo Dilma. Aécio e PSDB pra mim simbolizavam retrocesso nas eleições passadas. Era dar aval a uma coisa ruim, a um momento ruim que o Brasil passou (nas mãos de FHC). Era voltar àquele modelo desgastado de neoliberalismo do FMI e do Consenso de Washington, típico de repúblicas de bananas, onde se entregavamempresas
O PROBLEMA DA ÁFRICA Lagos, cidade importante da Nigéria (país com maior PIB nominal da África). Eu já queria fazer um post sobre o assunto antes, mas este vem em boa hora devido ao problema recente dos imigrantes africanos querendo adentrar a Europa (Itália) por AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
A EVANGELIZAÇÃO NEOLIBERAL E A DIFAMAÇÃO “AD …TRANSLATE THISPAGE
Engraçado você critica o capitalismo,mas em quê o estado é eficiente meu querido,me aponte neste país onde o estado é eficiente,pois eu quero serviços eficientes,não aguento mais pagar impostos e ficar prostrado esperando o estado me atender com respeito e dignidade que mereço,pois sou um cidadão de bem e só recebo porrada do governo,me aponte onde é esta terra santa onde o CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. AGOSTO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante August 2020. O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando no fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
ELITE MUNDIAL, GLOBALIZAÇÃO, SOCIALISMO ETRANSLATE THIS PAGE Elite mundial, globalização, socialismo e transnacionalismo. No último texto falando sobre a Escola Austríaca de economia eu abordei em certo momento o conceito de ‘haute finance’ do sociólogo Karl Polanyi e utilizei termos mais populares sobre o mesmo fenômeno, alguns deles mencionados pelo guru messiânico da direita brasileira CONHECIMENTO ECONÔMICO Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco. Mas, como praticamente todo bônus econômico, também veio junto o seu ônus, ou, utilizando o extremo economês, a externalidade. AGOSTO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante August 2020. O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando no fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A miséria do debate econômico do Brasil. 05 domingo abr 2020. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ Deixe um comentário. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. Todo debate se resume a austeridade ou não-austeridade. Ampliar ou mantera
A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE …TRANSLATE THIS PAGE O básico de teoria econômica, as escolas de pensamento. Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de “metalismo”). Esse saldo positivo de metais (ouro,prata e
LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duasmais famosas.
ELITE MUNDIAL, GLOBALIZAÇÃO, SOCIALISMO ETRANSLATE THIS PAGE Elite mundial, globalização, socialismo e transnacionalismo. No último texto falando sobre a Escola Austríaca de economia eu abordei em certo momento o conceito de ‘haute finance’ do sociólogo Karl Polanyi e utilizei termos mais populares sobre o mesmo fenômeno, alguns deles mencionados pelo guru messiânico da direita brasileira FEVEREIRO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE Baixa poupança e ausência de superávit é um prelúdio de moeda nacional fragilizada. 8 – Nosso mercado de câmbio é bagunçado e não temos controle de capitais. Algo já apontado por excelentes economistas da linha heterodoxa (ou diria semi heterodoxa) do Brasil. PARA ONDE VAI O DÓLAR? Continuando a saga do dólar, esse segundo post sobre o assunto vou dedicar-me a falar da nova estrela do asset management do Brasil, o Sr. Henrique Bredda. Não só por ele estar muito em evidência, mas também porque seu raciocínio, suas falas e sua práxis emula uma boa parcela dos brasileiros, sobretudo os conservadores do POST EXTRAORDINÁRIO DA CRISE 2020 Post extraordinário da crise 2020. Tirado do Facebook pessoal. . Segundo corte na taxa de juro anunciado pelo FED em reunião emergencial. Semana passada já havia um corte de 50 bps, o que já tinha sido uma paulada. Agora mais uma paulada em cima da já paulada, o juro zero. E a curva de taxa entre futuro e curto prazo já estavainvertida
LIBERALISMO ECONÔMICO liberalismo econômico. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). Conheci as ideias de Mises, Hayek, Menger, Bohm-Bawerk e afins. Confesso que conheci até meio tarde essas coisas, mas, perto de outras pessoas, queadentraram
AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOSTRANSLATE THIS PAGE Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
JANEIRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE 2 posts publicados por diogomnz durante January 2017. Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. ELITE MUNDIAL, GLOBALIZAÇÃO, SOCIALISMO ETRANSLATE THIS PAGE Elite mundial, globalização, socialismo e transnacionalismo. No último texto falando sobre a Escola Austríaca de economia eu abordei em certo momento o conceito de ‘haute finance’ do sociólogo Karl Polanyi e utilizei termos mais populares sobre o mesmo fenômeno, alguns deles mencionados pelo guru messiânico da direita brasileira JANEIRO | 2018 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE Partir para o próximo item. 2 – O Brasil tem 13% da população com formação superior (Semesp e Inep). No entanto, apenas 6% da população brasileira ganha uma renda mensal de R$ 4000 ou mais (IBGE). Lembre-se que o DIEESE calcula em torno de R$ 3700 a 4000 uma renda básica para todo brasileiro ter apenas o básico. SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara MARÇO | 2016 | CONHECIMENTO ECONÔMICOTRANSLATE THIS PAGE A eterna e imortal “Lei de Say”. 14 segunda-feira mar 2016. Posted by diogomnz in Uncategorized. ≈ 6 Comentários. Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada “Escola Austríaca”. Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto CONHECIMENTO ECONÔMICO Sobre economia, teoria econômica e assuntos afins. Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco.A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. FEVEREIRO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICO Não todos, é claro, pois há gente com bastante conhecimento técnico adepto do PT e do PDT, mas eu falo da maioria. E nada contra essa mesma maioria, pois eles estão certos em fazer isso, uma vez que fizeram o mesmo com eles na época de Dilma. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE PENSAMENTO Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações LIBERALISMO ECONÔMICO Posts sobre liberalismo econômico escritos por diogomnz. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) PETRÓLEO, O OURO NEGRO E A QUESTÃO DO PRÉ-SAL Há quem diga que o petróleo, o ouro negro, é um mero fetiche. E não foram poucos os intelectuais com essa tese. Ridícula e infundada, diga-se de passagem. O economista Roberto Campos, o diplomata Meira Penna e geralmente os demais seguidores do liberalismo clássico. O mais cômico de tudo isso é que vez por outra aparecealgum liberal
CONHECIMENTO ECONÔMICO Sobre economia, teoria econômica e assuntos afins. Com a massificação dos dados, democratização da informação e conexão massiva em redes através da internet houve um ganho de produtividade, conhecimento e difusão informacional gigantesco.A CRISE PIFOU?
O afundamento dos indicadores financeiros SPX, NYSE, Nasdaq, Nikkei 225, DAX30 e FTSE em março, além dos mercados emergentes (MSCI, Merval e bolsas asiáticas em geral), no caso do Brasil a Bovespa chegando ao fundo em 63k, fez surgir o pânico de uma nova crise estilo 2008. Fiz dois posts sobre o tema no blog. FEVEREIRO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICO Não todos, é claro, pois há gente com bastante conhecimento técnico adepto do PT e do PDT, mas eu falo da maioria. E nada contra essa mesma maioria, pois eles estão certos em fazer isso, uma vez que fizeram o mesmo com eles na época de Dilma. A INDÚSTRIA E A SUA IMPORTÂNCIA A indústria ultimamente teve sua relevância colocada de lado por alguns especialistas econômicos, acadêmicos, conferencistas, palestrantes, gurus futurólogos e afins. É um processo que começou mais ou menos nos anos 80 e perdura até agora. Talvez uma pessoa muito leiga no assunto ainda pense que nunca houve o tal desmerecimento da importância da indústria na O BÁSICO DE TEORIA ECONÔMICA, AS ESCOLAS DE PENSAMENTO Mercantilismo: não se tem registro de grandes pensadores econômicos dessa época. Mas, na essência, as nações da época acreditavam que a riqueza consistia na quantidade de metais que as mesmas possuíam (conceito de "metalismo"). Esse saldo positivo de metais (ouro, prata e cobre) seria oriundo do saldo positivo na balança comercial, ou seja, mais exportações LIBERALISMO ECONÔMICO Posts sobre liberalismo econômico escritos por diogomnz. Lembro-me, no ano de 2009, de ter contato com as vertentes mais undegrounds do liberalismo pela primeira vez (libertarianismo, minarquismo e anarco-capitalismo). SOBRE O “OCUPE ESTELITA” Desde meados de 2011 há um debate intenso na cidade sobre um terreno da antiga RFFSA (estatal federal) leiloado (em processo pouco transparente e dito como irregular por representantes do MP local) para a iniciativa privada, no caso o empresário local Gerson Lucena e um grupo de construtoras parceiras dele no negócio (formadas por: Moura Dubeux, Queiroz Galvão e Ara A ETERNA E IMORTAL “LEI DE SAY” Jean Baptiste Say foi um dos economistas mais influentes para os teóricos neoclássicos e para a chamada "Escola Austríaca". Não vou aqui descrever sua biografia, para isso já existe o google, então prefiro ir direto ao ponto falando sobre a chamada Lei de Say, uma das maiores polêmicas da teoria econômica. Os neoclássicos adotaram a VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) PETRÓLEO, O OURO NEGRO E A QUESTÃO DO PRÉ-SAL Há quem diga que o petróleo, o ouro negro, é um mero fetiche. E não foram poucos os intelectuais com essa tese. Ridícula e infundada, diga-se de passagem. O economista Roberto Campos, o diplomata Meira Penna e geralmente os demais seguidores do liberalismo clássico. O mais cômico de tudo isso é que vez por outra aparecealgum liberal
ABOUT | CONHECIMENTO ECONÔMICO This is an example of a page. Unlike posts, which are displayed on your blog’s front page in the order they’re published, pages are better suited for more timeless content that you want to be easily accessible, like your About or Contact information. Click the Edit link to make changes to this page or add MARÇO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICO Hoje é 19 de março de 2020 (começo do texto, mas depois continuei, terminei e postei após a data). O governo e o país estão em situação de emergência tentando conter a crise humanitária doCorona Vírus.
ABRIL | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICO 1 post publicado por diogomnz durante April 2020. Há cerca de dez anos o debate econômico brasileiro tem se reduzido a uma mediocridade e a uma falta de perspectiva intelectual tremenda. FEVEREIRO | 2020 | CONHECIMENTO ECONÔMICO Não todos, é claro, pois há gente com bastante conhecimento técnico adepto do PT e do PDT, mas eu falo da maioria. E nada contra essa mesma maioria, pois eles estão certos em fazer isso, uma vez que fizeram o mesmo com eles na época de Dilma. AS RESERVAS DO BANCO CENTRAL (post curto tirado do Facebook pessoal) Explicando: Se o Banco Central não vende em momentos de altas, o custo de carregamento delas aumenta. O pessoal não entende esse termo “custo de carregamento”, mas seria algo como “aluguel de poupança” ou, nas palavras do Professor Paulo Gala, as reservas seriam um canhãopara ser usado numa
BEM VINDOS AO BLOG CONHECIMENTO ECONÔMICO! Crio este espaço para compartilhar meus pensamentos e análises em relação a economia, teoria econômica, política, ciência e tecnologia, desenvolvimento, TI (tecnologia da informação), comportamento, urbanismo, logística e assuntos aleatórios interligados. Diria também, de antemão, que será um espaço de contraponto à maioria dos veículos de economia que temos hojedisponível
DEZEMBRO | 2017 | CONHECIMENTO ECONÔMICO 1 post publicado por diogomnz durante December 2017. Dois mega posts no facebook sobre o frisson acerca do Bitcoin. Tive vontade de fazer um texto sobre o Bictoin no comecinho desse blog, mas tive um misto de preguiça com maior vontade de fazer textos sobre outros assuntos. VOCÊ CONHECE MARIANA MAZZUCATO? Dedicarei alguns posts deste blog a apresentar ao público geral alguns(as) economistas de notável reconhecimento acadêmico que não são tão conhecidos do público leigo (mas interessado) em geral. Começo pela simpática economista italiana Mariana Mazzucato. Seu livro de grande destaque (magnus-opus) lançado recentemente no Brasil (O Estado Empreendedor, editora Portfolio-Penguin) AS FALHAS DA ESCOLA AUSTRÍACA, PARTE 1 (OS CICLOS Friedrich Hayek, o mais renomado economista da Escola Austríaca A chamada Escola Austríaca tem suas teses sobre os ciclos econômicos (leia-se, crises), sistema monetário internacional, teoria do valor, concepção e papel do Estado, etc. Nesse post pretendo examinar a validade das teorias em relação aos ciclos econômicos. 1 - A teoriados ciclos de
A EVANGELIZAÇÃO NEOLIBERAL E A DIFAMAÇÃO “AD AETERNUM” DAS Engraçado você critica o capitalismo,mas em quê o estado é eficiente meu querido,me aponte neste país onde o estado é eficiente,pois eu quero serviços eficientes,não aguento mais pagar impostos e ficar prostrado esperando o estado me atender com respeito e dignidade que mereço,pois sou um cidadão de bem e só recebo porrada do governo,me aponte onde é esta terra santa onde o* About
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REAGANOMICS, TRUMPNOMICS E JAIR BOLSONARO 17 _quarta-feira_ out 2018Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO O governo Ronald Reagan foi o rei do déficit fiscal. Foram oito anos ininterruptos de déficits fiscais altos. Seu período teve um conjunto de políticas econômicas apelidada de “reaganonomics”, com cortes tributários e incentivos diversos à oferta, além de incentivos ao repatriamento de investimentos e capitais. O governo Trump atualmente vai na mesma linha. Juro alto para contenção de liquidez internacional através da “independência” do FED, valorização da própria moeda e déficit fiscal alto. Na verdade, no histórico dos EUA normalmente o Partido Republicano (direita) é sempre com déficit fiscal alto e governos do Partido Democrata (oposição) são com redução do déficit ou superávits fiscais. Não estou inventando, pois isso é informação dada. No site Trading Economics tem. A tal “Curva de Laffer” é um embuste, só que não é desonesta. Fala de arrecadação, não de déficits/superávits. Mas a maioria dos leigos não sabe diferenciar alhos de bugalhos. A arrecadação pode aumentar com o aumento do déficit ao mesmo exercício, pois não há relação de causalidade automática entre as duas variáveis.Sim, e ?
Vamos para o Brasil. Os EUA são bem diferente do Brasil, comosabemos.
O Brasil, como nação subdesenvolvida e emergente, não pode operar muito tempo com déficits primários elevados, mesmo com soberania da dívida (dívida em moeda própria). A elevação do estoque da dívida ocasiona em pressão absurda por juro como prêmio de risco. Esse juro causa uma imensa pressão no Orçamento, no lado do gasto/despesa. Essa despesa com o serviço da dívida, no caso despesa financeira, tira poder de despesa com saúde, segurança, educação, ciência e tecnologia, etc. Ou seja, a despesa que todos com bom senso gostariam de ver aumentadas. Não custa lembrar para os leigos de plantão: o dólar é moeda-padrão mundial de conversibilidade, já o real não. Então a suposta soberania do Brasil é limitada, uma vez que não há conversibilidade da sua moeda internacionalmente. Se rasgar a LRF, até dá para pagar a dívida pública “imprimindo” moeda, mas isso vai ocasionar em super-indexação da economia mais uma vez. Aí provavelmente entraremos em contexto de inflação descontrolada outra vez. Os emprestadores do governo só vão aceitar emprestar com indexação à inflação ou ao dólar, evidentemente. Logo, mais impressão significará mais dívida da mesma forma. Enfim, Bolsonaro vai precisar aumentar impostos para curar o déficit primário. Não tem pra onde correr. E se fizer isso, vai entrar em contradição com as próprias palavras atuais, provando do mesmo veneno que Dilma no biênio 2014-2015 e do que a maioria dos políticos, de falar uma coisa na campanha e fazer outra logo após. E o Brasil já opera em déficit primário desde o começo da crise econômica e política. Desde 2014 começou oficialmente o déficit primário, após uns quinze anos ininterruptos de superávits… Se cortar impostos, vai aumentar e muito o déficit. Isso é realidade até nos EUA sem recessão, que dirá no Brasil que ainda não serecuperou da crise.
Mesmo se houver aumento de arrecadação com corte de impostos, o que é muito improvável – para dizer quase impossível – no caso do Brasil, ainda assim haverá déficit. Se aumentar e muito o déficit, provavelmente teremos risco de moratória/default ou então de uma elevação brutal do juro SELIC para fechar as contas. Vamos traduzir isso tudo para quem não entende nada: existe uma alta possibilidade de em pouco tempo o governo de Bolsonaro ter uma impopularidadehistórica.
Há chances de repatriação de capitais em massa, a vinda finalmente da famosa “fada da confiança” do mercado, a valorização do real, surto de entrada de capitais na bolsa e afins? Talvez, talvez… Ou será que além de paraísos fiscais, os ricos tenham entesourado uma montanha de dinheiro que poderia entrar na economia real com o “Fator Bolsonaro”? Outra hipótese muito remota, para não dizer estapafúrdia e ridícula. Na economia nada é impossível, mas dá para prever o que é muito improvável. Eu acho quase impossível a economia nadar de braçadas apenas por otimismo e confiança (fada), mas a população está pagando pra ver, se colocar ele como vencedor das eleições. Pode haver também uma euforia momentânea com um ou dois anos no máximo, mas no terceiro ano a vaca já pode ir para o brejo totalmente, parecido com o caso de Mauricio Macri na Argentina. Na economia não existem milagres, infelizmente (ou “felizmente”, se for para torcer contra Bolsonaro). O “milagre” brasileiro do Regime Militar foi feito com muita dívida externa e erros grosseiros. O “milagre” japonês foi feito com um caminhão de dinheiro norte-americano. O “milagre” coreano foi feito com um caminhão de dinheiro norte-americano mais repasses de tecnologia dos EUA e do Japão… O “milagre” de Israel foi feito com mesada permanente dos EUA. O “milagre” da Alemanha Ocidental contou com um caminhão de dinheiro norte-americano. O milagre da reconstrução da Inglaterra e da França no pós-II Guerra também veio com condições favoráveis de financiamento por parte dos EUA (Marshall Plan), além do período de ouro da economia monetária e internacional (Bretton Woods_). _Enfim, os “milagres” não são tão bem milagres, são apenas repasses de capitais. Condições muito favorecidas. Há os casos de “catch-up” recentes de Cingapura e China, que tiveram condições _sui generis _e política bem sucedidas de superação do subdesenvolvimento, mas isso é assuntopara outro post.
E tem mais: Paulo Guedes (o economista de Bolsonaro) não tem boa fama nem entre os economistas ortodoxos. É considerado um excêntrico meio renegado, mesmo tendo currículo internacional e renomado. Aliás, isso de currículo recheado de titulações nos EUA não é sinônimo de sucesso na “arte da economia”, a parte prática dacoisa.
Guedes acredita nas privatizações em massa para sanar a dívida pública, receita que se mostrou completamente fracassada durante o governo FHC. Nos anos 90 houve diversas privatizações e a dívida não caiu nem em números brutos e nem em porcentagem do PIB. Pelo contrário, aumentou e muito. Fora que normalmente a expectativa em torno das privatizações tende a puxar o preço cada vez mais pra baixo, além da maior pressão por altos retornos de capitais (remuneração do ativo), em caso de concessões de infraestrutura. É um cenário caótico e impopular, na maioria das vezes. O saneamento da dívida em proporção com o PIB só teve duas quedas drásticas do período democrático pra cá. Sendo então: 1 – No governo Collor, o Plano Collor 1 (ou “Plano Brasil Maior”) permitiu o decréscimo da dívida em proporção ao PIB por um curto período. Com o governo substituto, Itamar Franco, também houve maior redução devido ao sucesso inicial do Plano Real. 2 – O período Lula (2003 a 2010) houve queda da dívida bruta e líquida em proporção ao PIB, apesar do crescimento da dívida nominal. O contexto econômico de abundância de capitais, boom de commodities, super crescimento da China e afins, favoreceu. Além disso, houve uma política de suscetivos superávits primários e acúmulos de reservas em dólares, então, mesmo com o juro real escorchante do período, houve o acréscimo de solvência do Estado. Dois cenários bem _sui generis_. E diferente do governo Lula, o governo Collor foi bastante impopular. Hoje o cenário é bem diferente. O problema do Brasil é claramente o fiscal e a subida quase ininterrupta da proporção dívida bruta com o PIB. Isso no tocante à parte mais tecnocrata possível, mas o desemprego e o “pibinho” (mínima recuperação a quase 6% de PIB perdido de 2014 a 2016), aliado à falta de otimismo/confiança de toda população, são os fatores econômicos mais próximos ao sentimento da população. Dá para fazer paralelos com governos de direita populares naeconomia? Depende.
Os exemplo mais notório de recuperação econômica com governo de direita foi o de Adolf Hitler e seu ministro financista Hjalmar Schacht. Controle inflacionário, déficit fiscal, eliminação do desemprego (também via manipulação de dados estatísticos, tirando os judeus da conta de desemprego involuntário do país) e um intenso plano de obras públicas aliado a outro intenso plano de reindustrialização via demanda agregada e empurrão forçado. Deu muito certo… Na economia! Mas foi o passaporte para ele poder achar que poderia ser dono do mundo tempo depois… Nos EUA, com certeza o mais lembrado foi Reagan e seu “reaganomics”, com déficits fiscais brutais, mas um ganho político incontestável (até por minguar a competitividade da União Soviética e do Japão com os EUA ao mesmo tempo). Herbert Hoover foi um desastre na tentativa de recuperação econômica da crise de 1929. Gerald Ford e Bush Pai enfrentaram crises, mesmo não tão severas. Bush Filho gestou a segunda maior crise da história dos EUA, a crise de 2008. A nossa vizinha Colômbia enfrenta uma década de crescimento econômico bem relevante com governos de direita e famosos governos municipais (caso de Medellín e Bogotá) de centro-esquerda moderada (social-democrata), como Antanas Mockus e Enrique Penãlosa. Mas também é difícil traçar um paralelo… Enfim, não dá pra prever nada, mas é bem provável que seja um grande fiasco em pouco tempo. Não vou cravar pois posso errar feio, e em economia nada é impossível, mas é a lógica. Até existem economistas qualificados alinhados com o liberalismo econômico e com a direita moderada, como é o caso de Desemprego Pessoa… ops! Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, André Lara Resende, Mônica Baumgarten de Bolle, Edmar Bacha, Mansueto Almeida, Felipe Salto, Gustavo Franco, etc. Mas esse pessoal não está com Bolsonaro.Por enquanto não.
Também existem os ortodoxos de “esquerda”. Ou, melhor dizendo, moderados. Aceitam trabalhar para governos de centro-esquerda e são tecnicamente muito qualificados. Nesse time entram João Sayad, Demian Fiocca, José Luís Oreiro, Nelson Barbosa, etc. Falo de “qualificados” não do aspecto crítico. Bem longe disso. Mas são pessoas muito versadas na tecnocracia da coisa. Mas Paulo Guedes é praticamente um zé ninguém que estudou em Chicago e fez uma tese de doutorado por lá que ninguém deu muita relevância. Segundo uma matéria, trata-se de um apanhado de equações… No meio acadêmico é bem irrelevante, apesar da passagem por Chicago. Não foi aceito professor nos grandes centros de economia ortodoxa do Brasil (EPGE e PUC-Rio). Deu aula no Chile daépoca de Pinochet.
Para terminar, Guedes tem fama de ter um temperamento difícil e pouco conciliador, algo muito complicado para um ministro da fazenda, que precisa aguentar muita pressão e negociar com muita gente complicada (empresários, políticos e líderes sindicais).É esperar pra ver.
Nota: existem muitos bons economistas não tão conhecidos no Brasil, logo, difícil lembrar de todos os economistas bem versados nos aspectos técnicos. No entanto gerir um ministério exige competências extra-acadêmicas.Anúncios
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AUDITORIA DA DÍVIDA E MMT (A MODERNA TEORIA MONETÁRIA) 05 _sexta-feira_ out 2018Posted by diogomnz
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Knapp, autor da obra Teoria Estatal da Moeda Prestes a ocorrer as eleições presidenciais de 2018 e com uma provável vitória de um candidato de extrema-direita (sim…), o debate dos simpatizantes de esquerda que gostam de economia se situa entre a auditoria da dívida pública e a oposição da auditoria, no caso, dos adeptos da moderna teoria monetária (MMT) e das finanças funcionais (Abba Lerner). A ideia é que existe uma confusão de grande parte da esquerda acerca da dívida pública entre o fluxo e o estoque da dívida. Grande parte da literatura e até da filmografia (caso de um documentário que está acessível no youtube) da esquerda coloca a culpa da austeridade, dos minguantes gastos sociais, da estrutura precária dos bens públicos e da perca do conflito entre capital e trabalho na existência e estrutura da dívida pública. E isso de fato é verdade. No entanto a divergência se encontra na análise do problema. Uns veem no fluxo (adeptos da MMT), outros no estoque (adeptos da auditoria). Mas o que é a MMT? A moderna teoria monetária tem diversos autores e teóricos. Pode ser dito como um conjunto de raciocínios acerca da história da moeda e da teoria monetária, fiscal e de orçamentospúblicos.
Começa com a obra do economista alemão da escola historicista George Friedrich Knapp, com seu livro Teoria Estatal da Moeda. Depois passa por Abba Lerner (o pai das finanças funcionais), Kalecki, Keynes, Hyman Minsky, Michel Aglietta, André Órlean, Randall Wray e outros menos conhecidos (Bill Mitchel, Warren Mosler, Duncan Foley, MatíasVernengo, etc).
Hoje o livro de David Graber (Dívida: os primeiros 5000 anos), misturando antropologia das finanças e da moeda com o histórico raciocínio da MMT, talvez seja a principal bíblia da MMT para novatos. O livro “Austeridade” do inglês Mark Blyth também é bem enaltecido pelos adeptos da MMT. Esse eu ainda não li,infelizmente.
A MMT consiste basicamente no raciocínio de que a moeda não é uma mercadoria, mas um sistema de crédito para produção e trocas. É a antítese da ideia da moeda como um substituto da prática do escambo para suprir a demanda por uma mercadoria conversível universalmente. A teoria da criação da moeda como substituta do escambo foi a teoria inicial de Adam Smith e depois amplamente aceita tanto na economia política clássica como na revolução marginalista/neoclássicos. E Marx? Marx desenvolveu sua teoria da moeda/mercadoria nos seus volumes 2 e 3 da obra O Capital, principalmente. Aceitava a ideia de Smith, logo, não era apóstolo MMT. Até porque o livro de Knapp veio ser publicado muito após seu falecimento. Mas há quem diga que se ele fosse contemporâneo ao raciocínio MMT, seria adepto, uma vez que a ideia tem zonas de convergência com seu pensamento político. Sobretudo acerca da luta de classes, uma vez que essa se desenvolve nas modernas economias através do Orçamento Público e dosistema da dívida.
E como fica a explicação da moeda como um sistema de crédito na ideia da MMT? Segundo autores como Graeber, Aglietta / Órlean (teoria da dívida primordial), Wray e até um historiador ultra conservador como Niall Fergunson, a moeda nasceu para suprir civilizações tradicionais através da produção de mercadorias, abastecimento geral e confiança mútua em pagamentos e/ou abastecimentos futuros (crédito). Isso vai de uma descrição do uso de talhas de madeiras até pedras com marcações(Mesopotâmia) em antigas civilizações. Seriam versões rústicas do famoso “caderninho do fiado”, tão famoso no Brasil inteiro. E de fato essa explicação e teoria faz mais sentido que o escambo automático e a moeda como mercadoria conversível padrão para substituir o escambo. Quem já trabalhou no comércio sabe que nos próprios negócios intra empresariais (B2B, leia-se, empresa vendendo pra empresa) existem muitos acordos baseados em crédito de mercadorias e acordos verbais de fluxo de pagamentos. Um empresário X adianta uma soma de mercadorias em troca de pagamentos futuros a fornecedor Y. Assim funciona o mercado. No século XIX, todo esse debate acerca do sistema de fazer dívida ante a ideia de acumular reservas existiu entre a “Currency School” (moeda mercadoria / metalismo) contra a “Banking School” (raiz da MMT) na Inglaterra. Assim como “Bulionistas” (metalismo) contra “Não-Bulionistas” (MMT). Ok, muito legal a explicação, não é? Mas onde entra o debate sobre a dívida pública do Brasil e da nossa realidade? Como ampliar orçamento, dispêndio governamental, gastos sociais e tantas demandas sem antes cortar a dívida, seja por auditoria ou por amortizações? É preciso tentar esclarecer algumas coisas confusas para o público leigo. E às vezes nem tão leigo assim… Há conhecimentos da gestão da dívida pública que fogem até ao conhecimento dos próprios economistas e formandos na área. A confusão entre fluxo e estoque é um gargalo de conhecimento de contabilidade e balanços financeiros de bancos. Talvez uma falta de uma formação mais sólida. Nos tempos de Maria Conceição Tavares e Ignácio Rangel, diziam que entre eles conversavam: – “Economista de esquerda precisa entender de balançobancário…”.
Logo, o sistema de rolagem da dívida pública faz com que a mesma não seja amortizada. Ou pelo menos não como a maioria acha. A regra é que o governo não “paga” o estoque da dívida, mas apenas o fluxo. O estoque é sempre ampliado através de emissões de novas dívidas, através dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e que ficam em posse do Banco Central do Brasil. Esses títulos ficam na carteira do Banco Central do Brasil e são vendidos aos ‘Dealers’ no mercado primário. No mercado secundário circulam como ativo circulante interbancário e mercado de ativos financeiros para pessoas físicas ou investidores institucionais. O famoso Tesouro Direto, que tanto falam por aí… Fazem parte as famosas notas do tesouro (NTNs) e as letras financeiras do tesouro (LFTs). O Banco Central imprime os títulos antes do pagamento de outros títulos. Assim é feita a tal “rolagem”. Sem pagamento de estoque, ou seja, sem amortização da dívida. O pagamento feito é o de fluxo (que é juro, ou, despesa financeira). Assim a preocupação com a divisão dos gastos de governo, onde ficou famoso o tal gráfico pizza da Auditoria Cidadã da Dívida Pública (movimento da auditora Maria Lúcia Fatorelli), fica na política de juros e no perfil dos títulos públicos. Se são atrelados inflação, ao câmbio, à SELIC meta, etc. Ou seja, preocupação no fluxo, não no estoque. O fluxo da dívida divide espaço com os gastos que a população tanto quer (educação, segurança, saúde, ciência e tecnologia, etc… Todos componentes do orçamento públicoda União).
É necessário falar que dívida pública em moeda soberana, onde o Estado tem poder e tutela, é diferente de dívida feita em moeda externa (notadamente o dólar, mas também pode ter em euros). Dívida em dólar é difícil controlar a sua desvalorização ou rolagem/liquidação, uma vez que o país que tenha feito seja emergente/subdesenvolvido. Aliás, a história mostra bem isso… Atualmente temos Argentina e Turquia para provar. Logo, a auditoria da dívida do Equador fazia sentido, uma vez que tinha sido feita em dólar. Moeda não-soberana pra eles. Se o governo fosse uma pessoa, a explicação da MMT para explicar a confusão entre fluxo/estoque ou despesa/receita seria como a pessoa criar sempre novas dívidas para pagar dívidas antigas, sempre ampliando o seu consumo pessoal durante esse processo. A cada nova dívida que a pessoa fizer, ela amplia mais o seu estoque de mercadorias retidas. Aí é que entra a baboseira de comparar orçamento público com orçamento da dona de casa. Não tem o menor cabimento, uma vez que a dona de casa não tem controle sobre a gestão da própria moeda e do que ela pode comprar! O Estado tem o poder de criação da sua própria moeda e acesso a políticas de incentivos à produção, logo, deve utilizar as finanças públicas para turbinar a sua própria economia (com pleno emprego), e não para pagar dívida. A dívida então deve servir economia, mas não ter uma dívida para servir à própria dívida (em bom português, ao rentismo). Essa é a ideia da MMT (modern monetarytheory).
Após a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal no Brasil, ficou proibido o recurso da Senhoriagem (impressão de moeda) para financiamento público. No entanto a Senhoriagem não é um recurso único para fins expansivos, uma vez que existe a ferramenta de imposto inflacionário e a criação de crédito. Para tentar entender melhor isso, seria interessante pesquisar as leis das finanças funcionais de Abba Lerner. Além disso, o financiamento público se dá via emissão de novos títulos públicos para troca com a moeda fiat, ocorrendo a retenção de recursos. Além, é claro, do recurso da tributação. Nas finanças funcionais a tributação funciona como um enxugador de liquidez excessiva ou retentor de renda privada excessiva. Logo, quando se fala que cerca de 45% do orçamento da União é utilizado para amortização e pagamento de juros da dívida, até é verdade. No entanto isso leva em conta apenas a despesa, mas não a receita. O orçamento é feito com despesa e receita, não só com despesa! Romper com o pagamento da despesa pode então romper com a possibilidade da receita (via demanda por títulos públicos). De novo podemos fazer uma comparação tosca com uma pessoa, com ela negando o pagamento da dívida pessoal, mas no entanto, deixando de ter cartão de crédito para antecipar o seu consumo. Sim, o cartão de crédito é um péssimo negócio no Brasil, mas não por sua simples existência, mas sim pelo seu juro extorsivo de aproximadamente 400% ao ano. Logo, de novo temos o raciocínio da MMT em curso. O problema não é o cartão de crédito, mas o juro. Então o problema é de fluxo, não de estoque. Você pode pensar que a MMT ganhou fácil essa polêmica, mas não é tão simples assim… O estoque influencia o fluxo. O juro é o preço do risco-país, que envolve também sempre o volume do estoque. A auditoria e o possível confisco pode ser uma penalização do rentismo e parasitismo financeiro, forçando uma entrada dos recursos na economia real. Se isso causaria ou não uma possível aceleração inflacionária, é outra questão. A política de contenção de fluxos também pode provocar aceleração inflacionária, sobretudo via expectativas, uma vez que vivemos em uma democracia com anarquia de preços de mercado. Baixar juro (SELIC meta) e aumentar crédito via banco público ou afrouxamento quantitativo nos depósitos compulsórios, duas políticas ligadas à MMT, também podem ser políticas inflacionárias. Logo, não é tão simples assim. A inflação também não pode tutelar toda uma política econômica de um país. Os próprios documentos do FED e do Banco da Inglaterra mostram entre as metas o pleno emprego, a produção, a utilização da capacidade ociosa, o PIB, enfim… A inflação pode ser uma métrica de avaliação da escassez. Mas o seu combate fundamentalista pode ocasionar em mais escassez. No Brasil e em outros países isso é uma correlação mais do que evidenciada. E com claríssima causalidade entre variáveis. Enfim, recomendo a leitura de todos os autores mencionados.Abraços.
BITCOIN E CRIPTOMOEDAS, PARTE 2 19 _domingo_ ago 2018Posted by diogomnz
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Post trazido do Facebook. Sobre Bitcoin e blockchain, já que tocaram nesse assunto hoje na minha TL e o assunto é bom. Vamos lá… 1 – O alto consumo energético vai acabar o Bitcoin e o desenvolvimento da Blockchain? Use o raciocínio lógico para responder essa pergunta para si mesmo. O consumo energético do Bitcoin e da maior parte dos tokens da Blockchain é maior do que o consumo energético das transações monetárias tradicionais via bandeiras intermediadoras (estilo VISA e Master) desde o início da sua grande popularização em meados de 2012/2013, apesar da invenção do Bitcoin datar de antes (2009)… Se isso é sabido desde sempre, por que ainda não acabou todo o trabalho de desenvolvimento e aprimoramento tecnológico da Blockchain? Isso é raciocínio lógico, não é necessário outro conhecimento aprofundado. Pensar é de graça. As pessoas falam e escrevem mais do que pensam. Se ainda não acabou, provavelmente é porque o argumento do consumo energético é ainda insignificante para a continuação do seu desenvolvimento. Isso é uma obviedade. Ou será que essa informação do consumo energético é ultra secreta e ninguém sabe, fora alguns super descolados e bem informados? Todo mundo está careca de saber. Até as baratas sabem. Pelo amor de deus. Fora que tem várias Altcoins com consumo bem menor e que também utilizam o conceito de Blockchain, é claro… Todas elas tem cotação bem menor do que opróprio Bitcoin.
2 – Sobre os “criptolovers” e “anarco-capitalistas” que dizem que a moeda fiat vai acabar e os bancos tradicionais vão sumir do mapa. É fácil desmontar esse pessoal. Mais fácil do que tomardoce de criança.
Primeiro: a maior parte da adoção do Bitcoin é puramente por componente e comportamento especulativo, e não transacional-prático. Se fosse transacional-prático, usariam Paypal ou cartão de crédito mesmo. Isso é uma obviedade. Falo principalmente do volume de dinheiro que faz os movimentos de entrada-saída, não da quantidade de usuários. Logo, sucessos e insucessos da especulação em moeda fiat dependem da própria cotação em moeda fiat!!!!!!! Porra, lógico!!! Logo, é puramente necessária a existência da moeda fiat para validar a especulação das criptomoedas!!!! Isso é raciocínio lógico, não é conhecimento de tecnologia e nem de teoria monetária. Então, resumão básico: Sem moeda fiat, sem especulação. Sem especulação, sem desenvolvimento, uma vez que programadores e engenheiros precisam pagar as contas domésticas. Sem desenvolvimento, sem transações. Não precisa ser gênio. De novo, basta pensar! A pessoa que tem dificuldade com isso é meio burra… Só pode! 3 – Os “lovers” e “market anarchists” em geral podem dizer que o fim da moeda fiat não evitaria a especulação acerca do Bitcoin e das Altcoins (os tokens e moedas digitais secundários e alternativos). No caso, poderiam utilizar o argumento de que a especulação se daria com a utilização de ativos reais (imóveis, estoque de mercadorias, serviços, etc.). Seria a completa “tokenização” da economia real, feita de ativos reais. Os ativos então de uma hora pra outra seriam quantificados em tokens… Essa hipótese desconsidera a própria história do capitalismo, uma vez que o capitalismo nasceu com o registro da propriedade por parte de um Estado, logo, nunca existiu capitalismo sem Estado. E essa é a visão clássica da história do capitalismo. Outra visão fora desse arcabouço é uma visão alternativa e sem consideração/relevância. Portanto, nunca existiu capitalismo sem Estado. Ponto. O que querem supor então é algo totalmente novo desde o advento da Idade Contemporânea e da formação dos primeiros Estados-Nações modernos (Reino Unido e França). Uma espécie de volta ao feudalismo com nova roupagem. Ao invés de reis e rainhas, ou senhores feudais, teríamos a governança corporativa das blockchains escolhidas (como a blockchain famosa da Ethereum por exemplo, com seu CEO Vitalik Buterin, sendo ele uma espécie de rei-governante…). Considerando essa hipótese, o token para se valorizar mais dependeria da livre negociação dos maiores donos de ativos. Logo, dependeria dos ricos. E quem são os ricos? São os donos do dinheiro. Os proprietários do capital. Logo, a inutilização da moeda fiat depende logicamente DOS RICOS, não dos meninos buchudos “criptolovers” e “market anarchists”, que na sua grande maioria são investidores nanicos (a famosa sardinhada, o rebanho de sardinhas). Logo, sem o aval e a validação deles (os barões), sem o fim da moeda fiat. Claro! E achar que os ricos vão se livrar do Estado para migrar para a governança alternativa das blockchains é uma visão, no mínimo, muito infantil e adolescente. Talvez pior do que isso. Burra mesmo. Basta pensar o seguinte: em time que está se ganhando não se mexe! Eu também posso acreditar que Flávia Alessandra e Monique Alfradique deveriam dar bola e implorar pra ficar comigo. Tipo assim. Eu acho que isso tem mais chances de acontecer do que George Soros largar todos os seus registros de propriedades transnacionais para abraçar Vitalik Butterin (fundador da Ethereum) ou qualquer outro nerd-estudioso criador de uma nova blockchain robusta. Monique faz o tipo que gosta de mim. Vai saber né… 4 – Previsão de preços de mercado em cotação de moeda fiat quem faz é grafista e analista de mercado. Mesma coisa de ações e mercado de capitais em geral. 5 – Previsão de curva de adoção tecnológica quem faz é pitaqueiro tecnológico. Muitos erram. Alguns acertam. John McAffe disse que se a SEC permitisse a compra/venda dos tokens Ethereun sem considerar os mesmos como ativos, os peixes andariam de bicicleta. Um monte de gente foi lá no twitter dele postar montagens com peixes andando de bicicleta meses depois, pois a SEC não teve esse entendimento. Ele ficou rindo dos posts trolls. A última dele foi dizer que se o Bitcoin não chegasse a 1 milhão de dólares a unidade antes de 2020, ele chuparia o próprio p… Figuraça. Muito engraçado. Fanfarrão. Lacrador. Até pelos cálculos esse acontecimento não faz o menor sentido. Para chegar nesse preço unitário o volume global da Blockchain (Bitcoin mais as outras 1700 Altcoins) deveria pular para pelo menos uns 40 trilhões. A maior bolsa de valores do mundo, a NYSE, movimenta 20 trilhões. McAffe fumacrack, pelo visto.
Especialista de tecnologia normalmente erra muito. Bill Gates dizia que a internet era uma farsa nos anos 90. Deu no que deu. Adoção tecnológica depende de tentativa e erro, logo, previsões sempre sãoapostas.
6 – Não adianta assistir palestra sobre criptomoedas se não consegue pensar e raciocinar por conta própria. Seja de quem for, entusiasta ou detrator da Blockchain e do Bitcoin. Na verdade isso vale para qualquer assunto, seja esse ou outro. Se a pessoa assiste palestra e não consegue refletir sobre aquilo que foi dito, e toma sempre como verdade absoluta dita por palestrante, ela tende a ser analfabeta funcional e retardada mental. É a minha opinião, mesmo que polêmica. Por isso eu acho tão importante os conceitos pedagógicos de Paulo Freire. 7 – Colocar palavra na boca dos outros só existem duas hipóteses: – Analfabetismo funcional / dislexia / Má interpretação de texto (extrapolação e falácia dedutiva)– Mau caratismo
Nada mais além disso. 8 – Para falar desse assunto não precisa ser PhD em economia monetária. Nem de perto. Basta ter raciocínio lógico e conhecer o básico da história do capitalismo (Braudel, Landes, Polanyi, Max Weber, Schumpeter, Maurice Dobb, Marx, etc.). A história da moeda e do dinheiro se confunde com a história do capitalismo, mas nem sempre. Não são a mesma coisa. 9 – O capitalismo é mais ou menos dinâmico e transformador em algumas coisas, mas absolutamente conservador em outras. Há coisas que não mudaram desde o início. Achar que a Blockchain vai alterar isso é de uma inocência sem tamanho. É a mesma coisa dos coitados/ingênuos falando que UBER revolucionaria o transporte e que as microcervejarias artesanais quebrariam a Heineken e a AB Imbev. Coisa de menino buchudo entusiasta, pouco maduros e com pouca leitura. …………………………………………………………………………………………………………………………………………………….. Tentarei voltar a falar sobre o tema no abandonado blog. O FIM DA HEGEMONIA NORTE-AMERICANA? 21 _sábado_ abr 2018Posted by diogomnz
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Vez por outra surgem na internet várias hipóteses nesse sentido. Os argumentos às vezes são repetitivos e bem antigos, mas agora parece que a conversibilidade do petróleo em yuan renminbi (a moeda fiat chinesa), os contratos futuros de petróleo em yuan e a posse de trilhões de dólares em forma de títulos americanos por parte dos chineses poderia de fato colocar o Império abaixo. Esse é o conjunto de argumentações que alguns jogam, mas não é tão simples assim. Há décadas e décadas, devido às crises sistêmicas e crônicas na economia dos EUA, sempre há a eterna teoria de que o império norte-americano está fadado ao fracasso ou que sua iminente queda geral está próxima. Isso não é uma ideia nova, pois vem de décadas e décadas… A crise de 1929, Segunda Guerra, Bretton Woods, Vietnã, Choque Nixon, Crise dos depósitos nos anos 80, etc. Os teóricos utilizam diversos tipos de acontecimentos para declarar essas coisas. Esse tipo de teoria sempre existe, assim como as teorias do colapso da União Soviética e da economia dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia e do Comecon. No entanto essa ideia de fato se concretizou, só que muitos e muitos anos depois. Leon Trotsky escreveu sobre isso no seu livro A Revolução Traída de 1937, no entanto o acontecimento só veio a se concretizar em 1991. Houve aí um ‘delay’ de pelo menos sessenta e poucos anos. Nouriel Roubini, Kenneth Rogoff e Robert Shiller falaram sobre uma iminente crise financeira e econômica dos EUA desde a ressaca da bolha da internet 2001. No entanto o acontecimento se concretizou apenas em 2008. Michael Roberts, economista marxista adepto da LQTTL (Lei da queda tendencial da taxa de lucro), sempre alertou para crises sistêmicas antes da ocorrência das mesmas, até porque isso é a gênese da LQTTL. Aliás, a história da economia dos EUA mostra que ela sempre foi marcada por ciclos econômicos. Os dois mais graves foram 1929 e 2008, mas houve outras diversas “mini-bolhas”. O sistema econômico, comercial e financeiro dos EUA, além do Estado, está acostumado a lidar com isso. Previsões vão e vem. No acerto, os profetas colhem os louros da vitória. No erro, o esquecimento é quase uma regra, pois ninguém vai atrás para cobrar. Isso também serve para as previsões mercadológicas e tecnológicas. Bill Gates falou que a internet não iria pra frente nos anos 90. Deu no que deu. Bill Gates falou que os spams dos emails teriam solução ainda no começo dos anos 2000, mas temos spams nas caixas de emails até hoje. O criador do Linux (Linus Torvalds) falou que o dispositivo tablet estava morto, mas temos tablets sendo vendidos até hoje. O ex-CEO da Microsoft Steve Ballmer, o CEO da época de ouro da empresa, falou que o Android era um projeto falido. Mas o Android e os fabricantes de dispositivos aderentes ao sistema operacional acabaram quebrando a Nokia e o Windows Mobile. Podemos aplicar isso para a geopolítica e os rumos da economia global. Eu tenho “apenas” trinta e dois anos e no estouro da crise econômica japonesa eu tinha cerca de cinco anos de idade. Não peguei o auge do Japão. Mas para quem tem na casa dos cinquenta anos dizem que nos anos 70 e até metade dos anos 80 muitos economistas, geógrafos e cientistas políticos achavam que o Japão iria engoliros EUA.
A siderurgia japonesa era muito mais eficiente que a norte-americana e tinha adquirido uma escala bem maior. O carro japonês era bem melhor que o norte-americano. Os eletrônicos e os games consumidos mundialmente eram japoneses. Os imóveis japoneses valiam muito mais que os imóveis norte-americanos. Fora isso, havia a eterna ideia dos déficits correntes acumulados dos EUA e do superávit de alguma nação segunda colocada (naquela época o Japão, hoje a China) serem o motivo pra derrocada. O engolimento não ocorreu. Ou pelo menos não na direção que muitos imaginavam. O movimento foi contrário, pois foram os EUA que engoliram o Japão após a recessão japonesa, que por sua vez acabou se tornando uma longa depressão crônica, muito bem demonstrada no livro “The Holy Grail of Macroeconomics, lessons from the japanese crisis” de Richard Koo, sugestão do economista Paulo Gala, uma grande influência que eu sigo nas redes sociais. Aliás, os EUA administraram melhor sua crise de 2008 do que os seus concorrentes administraram suas longas recessões (França em 81, Reino Unido no início dos anos 90, Japão nos anos 90, Alemanha nos anos 90 até2001, etc.).
A reaceleração e recuperação do PIB no caso norte-americano foi mais acentuada, além da escala ser muito maior do que seus concorrentes, ou seja, um crescimento percentual ínfimo em cima do PIB norte-americano significa um aumento brutal de bens e serviços. Aliás, como explica o professor Luiz Gonzaga Belluzzo sobre os EUA, o país vive constantemente e cresceu com ciclos econômicos. Estão mais do que acostumados e habilitados a lidar com o problema. A crise, aliás, é um elemento fundamental à grande empresa e centralização do capital no país. Hoje a China ocupa o espaço que pertenceu ao Japão nas décadas de 70 e 80. Com um crescimento assustador do PIB nos anos 90 e 2000, além de já ser o maior PIB do mundo em paridade poder de compra, porém ainda segundo colocada mundial em PIB nominal (medido em dólar), há previsões de que a China colocará os EUA abaixo e o yuan será a moeda dominante de conversibilidade no mundo, substituindo assim o padrão-dólar (ou “dólar flexível”, conceito de alguns professores da UFRJ), esse vigente desde a ocorrência do que eu chamo de Choque-Nixon (Smithsonian Agreement). A PRIMEIRA QUESTÃO: sempre é recorrente falarem dos déficits em conta corrente acumulados pelos EUA, leia-se, compram mais do que vendem em transações com o resto do mundo. Para países em desenvolvimento e periféricos isso não é sustentável, mas para os EUA é, pois eles tem o poder de emissão da moeda fiat global. Devido ao brutal volume de transações com o resto do mundo em termos nominais, uma breve desvalorização em termos percentuais do dólar praticamente liquida o passivo externo do país. Nos países em desenvolvimento, não. Ocorre o contrário, eles aumentam o passivo externo líquido quando suas moedas nacionais desvalorizam, uma vez que a maioria desses países apresenta o que chamam de vulnerabilidade externa (endividamento em dólar) . É o caso do Brasil por exemplo, onde também aumentam os custos de carregamento de reservas em dólares do Banco Central. Há uma discussão sobre a “desdolarização” do passivo do Brasil durante o governo Lula, uma vez que a dívida foi trocada de externa para interna em grande parte no período, além da desindexação de vários títulos ao câmbio, mas isso é assunto e discussão para outro post. Lembrem-se: a paridade é sempre o dólar. As outras moedas não desvalorizaram ou valorizam de acordo com si mesmas, mas em paridade ao dólar. Ou seja, quando elas desvalorizam, na verdade é o dólar que se valoriza. E vice-versa. A SEGUNDA LEMBRANÇA: uma vez que o dólar se desvaloriza, as outras moedas valorizam. Essa valorização das moedas concorrentes tira competitividade industrial dos principais concorrentes comerciais dos EUA. No caso dos anos 70 e 80, o Japão. Nos anos 90 e 2000, a União Europeia e o seu Euro (criado para competir com o dólar). Hoje, aChina.
Os rivais começam a ser menos competitivos na exportação de manufaturados e reduzem o déficit em conta corrente dos EUA, logo, além do passivo externo líquido caindo, como falei acima, isso retoma o poder industrial norte-americano e sua competitividade sistêmica. Fora isso a valorização das moedas concorrentes abrem espaço para os bancos centrais dos seus países reduzirem a taxa de juros interna, o que ocasiona em uma grande bolha especulativa de ativos e posteriormente uma “correção” (para não dizer recessão) do preço das mesmas. Esse vai e vem no preço de ativos usualmente causa uma recessão no PIB, como foi o caso do Japão. E no momento dessas crises econômico-financeiras dos periféricos, onde os capitais procuram se abrigar? No dólar, pois é a reserva mundial do valor, a unidade global de conversibilidade de negócios e de transações, logo, o ativo mais líquido e seguro para se resguardar. Daí também pode se pegar emprestado o conceito de “armadilha da liquidez” de Keynes, onde em momentos de incerteza sobre o consumo e o retorno de ativos é muito melhor se resguardar na liquidez do sistema, esperando o melhor momento de efetuar transações. Isso ocasiona, obviamente, na mesmice do dólar como padrão global e dono do sistema capitalista mundial. TERCEIRO: e se o dólar se valoriza? Os EUA tem espaço para reduzir suas taxas de juros e o débito fiscal do governo cai, uma vez que a queda dos juros ameniza os fluxos de pagamento da dívida. Além disso, a inflação do país também cai, ao invés da sugestão neoclássica e monetarista da mesma ter causalidade linear com o quantitative easing e o aumento da velocidade de circulação monetária (duas supostas causalidades da queda de juros). Por que a inflação cai? Com o dólar valorizado, todos os ativos mundiais, incluindo as commodities, caem de preço. Se o preço cai, isso beneficia o maior consumidor de commodities. E quem é o maior consumidor de commodities? Adivinha… Fora isso, com o dólar valorizado e os ativos globais em declínio de preços, abre-se espaço para o imperialismo comercial dos EUA, uma vez que os empresários e maiores detentores de dólares saem comprando todas as concorrentes e empresas promissoras de países em processo de desenvolvimento. Isso envolve também a sucção de cérebros, o “learning by doing”, acúmulo de inovação criada fora do seu território, absorção de terra, absorção de reservas de recursos naturais, apropriação de tecnologia estrangeira, etc… Além de também o poderio de todo complexo industrial norte-americano modernizar suas linhas de produção com o maquinário mais moderno e de tecnologia de ponta produzido no mundo. Evidente, pois tem a posse da moeda mais forte, logo, pode modernizar toda sua linha de produção e seu chão de fábrica com o desenvolvimento tecnológico alheio. Por que você acha que a agricultura norte-americana é a mais produtiva do mundo em termos per capita? Pense no dólar e em todo seu poder de aquisição de novas tecnologias. Isso é tudo questão de escala e competitividade! Claro, Japão fez isso no passado, os países centrais da União Europeia fizeram e ainda fazem e agora. De uma década pra cá, a China também. E essa pretende ampliar cada vez mais com o passar do tempo, com sua proposta de nova Rota da Seda (The Belt and Road Initiative) e de uma alternativa ao Banco Mundial, no caso o AIIB (Asian Infrastructure Investment Bank). Mas esses três lados concorrem entre si e acabam deixando os EUA sempre em uma posição de privilégio na manutenção de sua posição de hegemônico. Vale lembrar também que a possibilidade de baixa no juros do FED ocasionados pela valorização do dólar também inunda o mercado de ativos norte-americanos de liquidez, esses que estão em posse do sistema financeiro também norte-americano. Logo, os imóveis sobem de preço, as ações das empresas norte-americanas sobem de preço, os negócios acontecem em maior velocidade, a tecnologia é fomentada com uma inundação de crédito de risco (startups, aceleradoras, investidores-anjos, capital semente, etc.). E imagine, tudo isso com baixa inflação! Mas assim pode ser criada uma bolha de ativos? Pode. Mas uma vez estourada uma bolha de ativos, os investidores do mundo inteiro correm para se proteger com o… dólar ! Toda esse status de “ou ganha ou ganha” é apelidado de “PRIVILÉGIO EXORBITANTE” por autores como Barry Eichengreen e outros. Uma questão que se levanta muito é a detenção de títulos da dívida norte-americana por estrangeiros. Os sauditas, desde o acordo comercial de venda de petróleo para os EUA em 1974, adquirem títulos da dívida dos EUA. O Japão no auge do seu crescimento econômico também se tornou um grande credor dos EUA. A China desde a crise de 2008 pra cá também virou uma grande credora. O que isso pode afetar os EUA? Se todos os credores resolverem resgatar, o dólar desvaloriza, pois o mundo seria inundado de novos dólares em circulação monetária, além de reduzir substancialmente o preço dos títulos de curto prazo no mercado secundário. Como já expliquei a vocês, se o dólar desvaloriza, o passivo externo líquido dos EUA some e a competitividade comercial em relação à conta corrente – que é a soma da balança comercial, balança de serviços e transferências unilaterais de renda – começa a voar. Os países em desenvolvimento e os credores concorrentes do dólar (euro, iene e yuan) não podem lidar com isso, pois perdem competitividade comercial. Perceba atualmente os chiliques públicos de Donald Trump em relação ao câmbio artificialmente desvalorizado do yuan, ou seja, ele luta por um dólar mais desvalorizado! Além disso, sempre vai haver um investidor financeiro que enxerga a oportunidade dos títulos baratos no curto prazo, tanto para efeitos de maior rentabilidade como de se resguardar em ativos seguros, assim acaba desfazendo toda desvalorização da venda em massa e inundação do mercado financeiro de títulos da dívida norte-americana. No mercado financeiro não existem só correções pra baixo, mas também pra cima! É a famosa parábola dos ursos contra os touros. Logo, se todos os países credores querem se desfazer dos títulos norte-americanos, a soma dos capitalistas, que não possuem pátria e nacionalismo, adquirem pra si os títulos, forçando uma natural re-valorização tanto dos títulos como do próprio dólar. O conjunto de países subdesenvolvidos sem a mesma força do Japão e da China seriam os mais interessados em adquirir esses títulos, uma vez que a vulnerabilidade externa da economia dos mesmos seria reduzida substancialmente. ————————————————————————————————————————————– Algumas análises que a gente costuma ver rodando na internet também, quando contestam o poderio e a hegemonia norte-americana , diz respeito ao fim do dólar como padrão único de negócios com o petróleo, o fenômeno conhecido como “petrodólar”. O texto geralmente compartilhado é o de Jim Willie CB do tablóide Russia Insider (nada imparcial…). Também há um vídeo circulando na internet falando do “fim do dólar” e do yuan e até o Bitcoin* como substitutos dominantes. Essas análises também não fazem muito sentido e eu explico os porquês… PRIMEIRAMENTE: uma suposta nova ordem de negociação monetária com o petróleo faria a demanda por dólar e a sua consequente valorização despencarem. É tudo que a indústria norte-americana queria para repatriar suas empresas instaladas na periferia da produção mundial e a capacidade ociosa da indústria americana voltar a trabalhar buscando o pleno emprego. Mais uma vez eu repito, e pela terceira vez: o passivo externo líquido dos EUA some e o déficit em conta corrente também acaba. Os empregos industriais norte-americanos voltam, a competitividade de chão de fábrica volta, a agricultura super produtiva e com logística arrasadora começa a destruir a concorrência internacional, e por aí vai… SEGUNDO: na verdade os EUA nunca sofreu por falta de petróleo. A produção e reserva do país sempre foi enorme, mesmo antes dos avanços com a técnica de “fracking” para buscar o chamado Gás de Xisto. A política externa norte-americana na verdade sempre procurou controlar toda geopolítica do petróleo para proteger seus interesses políticos. Isso envolve também o econômico, mas não como a maioria das pessoas pensa (algo como uma necessidade técnica do óleo cru). No entanto a suposta “dependência” dos EUA pelo petróleo era muito maior antes dos anos 2000, quando foram criados acordos com sauditas e com países da OPEP após as duas crises do petróleo nos anos 70 e até metade dos anos 80. Por isso, nessa época era mais vantajoso proteger o dólar valorizado, para manter o petróleo em preços mais domesticados. Mas atualmente, após o avanço na técnica do “fracking”, a reserva norte-americana de óleo cru inflou de uma maneira absurda, mesmo com os problemas ambientais a respeito. O déficit em conta corrente advindos do petróleo de maneira orgânica (sem manipulação cambial) pode praticamente sumir, uma vez que o preço da commoditie suba para patamares cavalares (mais de US$ 120 o barril, por exemplo). Fora isso, as reservas da quebrada Venezuela e do quebrado Brasil subiram absurdamente nos últimos dez anos, com as novas descobertas (no caso do Brasil, o pré-sal). A VOLTA DO PADRÃO-OURO? E O BITCOIN* ? É uma ilusão inocente achar que o padrão-ouro está fadado a voltar. Alguns textos obscuros da internet, fora esse do Russia Insider, falam que a Rússia e a China aumentaram substancialmente suas reservas nos últimos anos para poder “lastrearem” suas moedas e mostrar mais solidez aos credores internacionais. É uma bobagem. O ouro não tem uma utilidade física tão relevante e não há motivos políticos para fazer com que ele volte a ser padrão universal. E mesmo se fosse, os EUA são os maiores detentores das reservas. Se contado suas reservas junto com as reservas do bloco geopolítico da OTAN, a quantidade de reservas do mineral superam e muito o bloco geopolítico de oposição (Rússia, China, Irã e unipolares afins). O lastro da economia hoje em dia é muito mais baseado na confiança mútua e na heurística de preços. Ou seja, a confiança nos EUA é devido ao seu imenso PIB e sua imensa capacidade industrial e comercial, como já explicaram outros professores (Conceição Tavares, Fiori, Ernani Teixeira, Franklin Serrano, Carlos Medeiros, etc.). As fugas para os dólares em ocasiões de “armadilha de liquidez” e de assegurar valor não é por acaso. Também influi o seu imenso complexo tecnológico e seu poder no tocante à informação. No caso a tecnologia da informação, big data, supercomputadores, comunicação militar e afins. Claro que não poderia deixar de mencionar que o seu poderio bélico também é um grande lastro de confiança dos outros países como fiel mantenedor do status quo. Aliás, o Iraque foi um dos primeiros países a aceitar negociar o petróleo em outra moeda que não o dólar (na época, o euro em 2000). O resultado após isso foi a Guerra do Iraque, tendo outros bodes expiatórios (o ataque de 11 de setembro de 2001). Mas hoje em dia não é mais necessário esse tipo de diplomacia para proteger as reservas de petróleo mundiais. Até porque, a China não pode ser combatida militarmente assim tão fácil. Não é o mesmo tamanho do Iraque. E a Rússia está dando seu recado lá na Síria, de que não vai mais aliviar tão facilmente para os EUA no Oriente Médio. No entanto tudo isso tem pouca importância face o aumento das reservas de petróleo mundiais e a ampliação do poderio tecnológico dos EUA. E O BITCOIN* ? Bom, eu coloquei esse * justamente porque queria dar um recado aos possíveis leitores do blog que prometo fazer um segundo post sobre as criptomoedas por aqui (pois já existe um), logo, vou pular essa questão para fazer um outro específico sobre o assunto. ——————————————————————————————————————————- Mas, apesar dos rumores obscuros e teorias furadas soltas na internet, há bons teóricos e estudiosos adepto da ideia de derrocada da hegemonia norte-americana. São eles: Giovanni Arrighi, Immanuel Wallerstein, Eric Hobsbawm, Charles Henry Fergunson, Richard Duncan, Barry Eichengreen, etc. Vou analisar bem resumidamente. ARRIGHI: pra mim o melhor teórico adepto do fim da hegemonia. A argumentação dele é “longo prazista” e diz respeito à queda dos EUA como “polícia do mundo”. Faz distinção entre hegemonia e dominação. Diz que pode haver dominação sem hegemonia. E também ressalta que a queda da hegemonia não significa o fim da mesma. Seu conceito de hegemonia é tirado de Antonio Gramsci, também italiano. Sua visão de longo prazo coloca a Guerra do Vietnã, vencida politicamente pelo Vietnã, além do desastre da Guerra do Iraque, como episódios característicos para fazer as nações desacreditarem nos EUA. Não no sentido econômico, mas político. Enfim, o conceito é muito interessante, mas é de longo prazo. Lembrem-se que o Império Romano antes de cair durou longos quatrocentos anos. Tampouco quero fazer comparações. O Reino Unido durou cerca de um século como nação dominante global, no entanto há teóricos que afirmam que o poder exercido pelo Reino Unido no século XIX ainda é muito abaixo do poder exercido pelos EUA hoje. WALLERSTEIN: a ideia de Wallerstein, ancorada no seu famoso conceito de sistema-mundo, também é de longo prazo e com arcabouço político, no entanto com fundamentos fracos (ao meu ver) e outros fundamentos já existentes há muito tempo (governos nacionalistas, tendência à pluri-polarização, formação de blocos regionais, governos autonomistas e por aí vai). Os fundamentos fracos consistem em supervalorizar a concorrência, subestimar a força de inovação das empresas norte-americanas (o livro dele de 2004 mostra um certo desdém, no entanto anos depois a gente viu a Apple em 2008 como empresa de maior valor de mercado do mundo e hoje vemos Tesla Motors, Amazon, SpaceX, etc.) e também desgarrar completamente o investimento no setor militar do setor produtivo de consumo. O caso da Apple e do seu celular Iphone foi bem emblemático no sentido de mostrar a simbiose entre as tecnologias militares e as de uso doméstico e pessoal. A própria origem do Vale do Silício e o fomento das empresas nascentes de tecnologia em toda aquela área da Califórnia se originaram das encomendas militares da Marinha e da Aeronáutica. Eu gosto de alguns conceitos e ideias de Wallerstein. Acho longe de ser um teórico social descartável. Mas sobre a queda dos EUA em si, não compactuo muito com suas teses contra-hegemônicas. Não do ponto de vista pessoal, pois eu seria favorável a esse acontecimento. Longe de mim compactuar com um Charles Kindleberger da vida. Mas do ponto de vista racional, não acho a tese tão forte. HOBSBAWM: grande historiador. Um clássico da área. Suas ideias acerca da queda dos EUA são parecidas com as de Wallerstein. Eu creio ser também uma visão mais pessoal do que racional. EICHENGREEN, FERGUNSON E DUNCAN: estudiosos de bolhas, das grandes corporações e do sistema financeiro norte-americano. Falam aquilo que todo mundo já sabe: os EUA vivem de bolhas e ciclos econômicos. Também convivem sistematicamente com crises financeiras e “crashs” de todos os tipos (sejam nas bolsas de valores ou nos imóveis e hipotecas). Eichengreen escreveu um livro sobre isso em 2011, ainda na rabeira e desdobramento da crise de 2008, intitulado “Privilégio Exorbitante”. A maior parte das ideias do livro não se concretizaram nos últimos anos. O final do livro dele é meio inconclusivo. Ele certa hora fala da importância dos déficits públicos, mas outra hora, já no final, diz que o crescimento do PIB é mais importante. Pra mim ficou meio sem sentido, uma vez que eu correlaciono déficit público com crescimento (Moderna Teoria Monetária). Tem entrevista recente dele (de 2018) falando que o dólar está frágil e continua sem subir mesmo com as medidas protecionistas do governo Trump para tentar conter o déficit em conta corrente. Também não faz muito sentido. Até porque Trump tem um objetivo diferente da análise de Eichengreen. Trump está querendo desvalorizar mais o dólar pra poder atrair investimento produtivo pros EUA, justamente o que eu tinha mencionado, melhorar a posição do investimento estrangeiro direto e eliminar o passivo externo líquido. A maioria das notícias mostra o presidente dos EUA dando chiliques quanto a um suposto dumping cambial do yuan remnibi. Além disso, o juros norte-americanos no momento estão em módicos 1,5%, mesmo após duas subidas (tendência de alta gradual nanormatização).
————————————————————————————————————————————– Lembrem-se: a maior parte dos dados e das informações contidas na internet, que é uma rede global e descentralizada de computadores, está concentrado nos EUA em imensos CPDs (centro de processamento de dados). Exceções são Coréia do Norte e Irã. Esse último ainda está em processo de término de sua imensa rede de intranet. China faz parte da internet, mas controla seus dados com mão de ferro. A Rússia idem, mas a Rússia tem uma enorme expertise em computação e um alto volume de hackers habilidosos. Os satélites e as telecomunicações também são concentrados pelos EUA. Sobre os satélites e as telecomunicações, vale a pena ler o artigo do site Voyager sobre isso. A maior potência militar também são os EUA. China e Rússia juntas tem mais força militar que os EUA, no entanto os EUA junto com Israel, árabes aliados (tipo Arábia Saudita) e os europeus da OTAN tem mais força que o bloco oriental de novo. A soma das reservas de ouro dos EUA e dos países da OTAN também são bem maiores que as reservas de Rússia, China, Irã e outros aliadosjuntos.
Petróleo: as reservas do Canadá, Arábia Saudita, Venezuela (sim, Venezuela…) e Brasil estão tudo praticamente nas mãos dos EUA. Fora a própria reserva interna, que é gigantesca com o Gás deXisto ou sem ele.
CONCLUSÃO: o Império pode até cair um dia, nada está descartado, mas não é tão simples assim. Garanto que após ler o texto o leitor vai ter noção suficiente de tudo isso. ———————————————————————————————————————————– FONTES E LEITURAS RECOMENDADAS: https://voyager1.net/tecnologia/governanca-global-e-hegemonia-dos-estados-unidos/ A Retomada da hegemonia americana – Maria Conceição Tavares http://www.rep.org.br/pdf/18-1.pdf Crise ou afirmação da hegemonia americana? Arrighi, Wallerstein, Fiori e Zakaria – Renan Holanda Montenegro http://periodicos.pucminas.br/index.php/estudosinternacionais/article/view/10750/10121 A hegemonia dos EUA – Manutenção ou declínio? – Luís HenriqueMenozzo
http://tcc.bu.ufsc.br/Economia293355 Pesquisar palestras, livros e artigos dos professores: José Luís Fiori, Franklin Serrano, Carlos Medeiros e Ernani Teixeira Torres,todos da UFRJ.
A GUERRA DA SÍRIA
16 _segunda-feira_ abr 2018Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO _EVACUAÇÃO NA CIDADE DE DAMASCO_ Não é muito comum fazer um post apenas de geopolítica no blog, mas dependendo da minha vontade, pode ocorrer. Decidi postar o meu texto sobre a brutal e triste guerra na Síria. Não colocarei fontes e links. Procurem no Google. Trata-se de uma síntese e um resumo de uma guerra altamente complexa… Não é fácil falar sobre esse assunto, pois são muitos atores. Vamos lá… 1 – O governo da Síria foi uma ditadura passada de pai para filho há décadas (Assad Pai e Assad Filho). O Clã Assad pertence a uma minoria étnica e religiosa no país, os alauítas. O partido deles é o Baath, parecido – para não dizer idêntico – ao partido do falecido Saddam Hussein no Iraque (também chamado Baath). No entanto Saddam era sunita e Assad não. Existe essa pequena diferença, mas os governos de ambos eram bem parecidos. 2 – A Síria não era tão fragmentada como o Iraque, mas tinha lá seus problemas também. Sempre teve. Tem refugiados palestinos que fugiram de Israel e dos territórios palestinos para ir morar lá, árabes sunitas (maioria) e xiitas, os alauítas (de Assad), os curdos, os drusos e os cristãos. Sim, tem bastante cristãos na Síria. Mais do que na Palestina e do que na maioria dos países árabes. Só tenho dúvida se tem mais que o Líbano. Os cristãos da Síria são árabes. Já os alauítas, drusos e curdos são outro povo/etnia. Os curdos são muçulmanos não radicais (sunitas mesmo). Os drusos tem a própria religião deles, uma visão particular do islamismo, que é mística e bem interessante. Alauíta tem a própria visão deles do islamismo também, mas dizem ser parecidos com os xiitas. Muita gente alega a proximidade de Assad com o Hezzbolah também devido a isso (ambos serem xiitas). Sunita e xiita são quase sempre árabes. São os que mais brigam entre si no Oriente Médio. Tem gente que pensa que o xiita é o muçulmano mais radical do Oriente Médio. Isso é falta de conhecimento histórico e geográfico. Já cansei de discutir isso pessoalmente e a maioria das pessoas não sabem. Os mais radicais são os sunitas. Mas a fama no Brasil ficou com os xiitas por causa da Guerra Irã-Iraque nos anos 80. Estado Islâmico e Al-Qaeda são sunitas. Se acharem que estou errado, coloquem no Google. No entanto nem todos os sunitas são radicais assim. Até porque os islãos menos radicais também são sunitas (tipo os curdos e palestinos). Mas os mais radicais do islamismo são sunitas (Estado Islâmico, Al-Qaeda, Arábia Saudita, Catar, etc.). E os xiitas, quem são? É o Irã, o Hezzbolah (Sul do Líbano) e a maior parte da população do Iraque. Pegaram fama de mais radicais no Brasil porque a TV Globo mostrava os fanáticos iranianos lutando na guerra contra o Iraque através dos famosos “ataques ondas”, que eram quase que ataques suicidas, tipo os kamikazes japoneses da II Guerra. Mas era um caso de exceção e não tinha muito a ver com religião, e sim com nacionalismo patrióticopelo Irã mesmo.
3 – O começo da guerra não teve nada a ver com religião e etnia. Em 2011 explodiu a chamada “Primavera Árabe”. A população de vários países árabes começaram a se rebelar contra seus governos corruptos e ruins. Lutavam contra desemprego, baixo crescimento econômico, serviços públicos ruins, autoritarismo político, corrupção, elitização das oportunidades, etc. Parecido com as manifestações de Junho de 2013 no Brasil e os protestos dos turcos também em 2013. No Brasil o estopim foi a passagem de ônibus de São Paulo. Na Turquia o estopim foi o anúncio da construção de um shopping center em cima de uma famosa praça pública de Istambul. Na Síria o estopim foram as manifestações intensas dos sírios contra o governo de Assad após o início da Primavera Árabe. A Primavera começou no Egito e na Líbia, meses antes da Síria. Basicamente isso. O símbolo do início das manifestações sírias foi um garoto pixando num muro algo do tipo: “O próximo a cair é você, Assad” ou “O próximo é você, doutor” (alusão à formação de médico deAssad Filho).
Essa foto é famosa e tem fácil aí no Google. 4 – No caso da Síria não era somente desemprego, privilégios da elite, governo corrupto, etc. Assad governava o país com mão de ferro. Eram comuns as torturas, prisões arbitrárias, perseguições políticas, etc. Era parecido com a ditadura militar do Brasil e da Argentina, só que numa escala muito maior (sim…). O número de mortes e desaparecidos políticos era bem maior que no Brasil da época do AI-5 e do que a Argentina nos tempos de Galtieri. Os sírios aguentaram esse regime por muito tempo, pois tinham medo. Mas com o impulso da Primavera Árabe, decidiram ir pras ruas para ver no quedava.
5 – O Exército Sírio era praticamente todo controlado pela elite econômica do país e por alauítas (o grupo étnico da família de Assad). Esse povo não gosta muito de manifestações contra o poder vigente. Lembra um certo país verde e amarelo… Apesar que, em termos de violência de reação, sejamos sinceros: o aparato de repressão de Assad é bem pior que todo aparato de repressão do Brasil. Por enquanto… 6 – E o que tem a ver a Rússia? É simples. Sempre foi aliada política de Assad e sempre forneceu armas para o governo sírio. Além das compras de armas, também tem interesse que a Síria nunca deixe passar por baixo do solo do país um oleoduto trazendo o petróleo do Catar para chegar na Turquia (membro da OTAN e parceira comercial da Europa). Esse petróleo do Catar vindo por dutos iria quebrar o gás russo vindo da estatal Gazprom para toda Europa, a principal fonte de divisas do país. A economia da Rússia é basicamente só isso hoje em dia. Mais a produção de armas e algumas ilhas de desenvolvimento tecnológico (como no setor aeroespacial e empresas de software famosas). Mas o principal da economia russa ainda é a exportação de gás. A Rússia então propôs à Síria ainda governada por Assad sem guerra civil um outro projeto alternativo. O gasoduto ligando o petróleo do Irã para chegar à Turquia através da rota deles. A construção e projeto-concepção desse oleoduto, além da operação e o suporte técnico, ficaria a cargo dos russos. A Síria só iria ganhar com o dinheiro gerado na construção e talvez remessas/royalties para deixar passar o oleoduto por baixo. Após esse entendimento e acordo de Assad com Putin, o pau começou acantar no país.
E também foi na mesma época da eclosão da Primavera Árabe. Apenas alguns meses depois de iniciados os protestos na Líbia e no Egito. Tudo isso levantou suspeitas que as manifestações foram todas orquestradas pelo Imperialismo dos EUA e da OTAN para impedir a influência russa dentro da Síria e canalizar o oleoduto do Catar para chegar na Turquia passando pelo solo sírio. Enfim, foram várias coisas coincidindo… 7 – Logo no começo das manifestações o pau cantou. Assad mandou os militares sentarem o dedo na população e mandou bombardear manifestantes (sim, isso mesmo…). Bombardeou inclusive os refugiados palestinos que moravam na Síria, fazendo com que o Hamas (grupo político e paramiliar de Gaza/Palestina) rompesse politicamente com Assad e com o Hezzbolah de imediato. Antes eram os três aliados. 8 – O que o Hezzbolah tem a ver com tudo isso? O Hezzbolah é um grupo político e paramilitar do Sul do Líbano, considerado “grupo terrorista” pelos países centrais (EUA, Reino Unido, Alemanha, etc…). São aliados políticos históricos de Assad por vários motivos. Assad fazia intermediação de armas com o Hezzbolah e recebia em troca o apoio político, além de treinamento tático e técnico para o Exército da Síria. Isso bem antes da guerra civil na Síria começar. O Hezzbolah sempre teve uma doutrina militar e um conhecimento operacional de guerra bem superior ao Exército regular da Síria, que sempre foi fraco e mal treinado. Assad foi o principal fornecedor de armas durante a guerra do Hezzbolah contra Israel em 2006, vencida pelo Hezzbolah. O Hezzbolah não podia e ainda não pode comprar armas russas direto com o governo russo, logo, Assad então fazia a intermediação (comprava dos russos e repassava ao Hezzbolah por de baixo dos panos, e Israel sempre soube disso também). Depois que estourou a guerra civil síria, o Hezzbolah entrou na Síria para defender o governo de Assad com o pretexto de “lutar contra o avanço do Estado Islâmico no país”. Isso era o discurso oficial, uma vez que o Hezzbolah é xiita e o Estado Islâmico é sunita e fundamentalista (principais assassinos dos xiitas no Iraque). Mas na verdade o Hezzbolah estava funcionando como uma empresa paga de mercenários para lutar a favor de Assad e precisava ser leal ao seu aliado da guerra de 2006 contra Israel. Simples e sucinto. 9 – E o Estado Islâmico? Bom, após o início da guerra civil do povo contra o governo na Síria, os dois se enfraqueceram, logicamente. O Estado Islâmico então se aproveitou da situação e entrou no país para tentar tirar uma casquinha. O objetivo é dominar territórios e ficar à parte do governo sírio, obviamente. Para quem não sabe, o EI é originário do país vizinho, o Iraque. E é um movimento ultra reacionário, fundamentalista sunita, de ex-partidários de Saddam Hussein no Iraque e antigos presos políticos do sistema carcerário dos americanos no país. Esse sim é um grupo terrorista assumido. 10 – Fora o Estado Islâmico, tem a famosa Al-Qaeda, fundada pelo falecido Osama Bin-Laden. Foi na mesma onda do EI e também quis tirar uma casquinha da Síria depois do enfraquecimento dos dois lados em guerra no país. Lá na Síria eles utilizam a alcunha de “Frente Al-Nusra” e recentemente o nome Hayat Tahrir al-Cham (algo como “Comitê de Libertação do Levante”). Al-Qaeda e Estado Islâmico, apesar de ambos fundamentalistas e sunitas, não são unidos e não tem laços de amizade. É cada um porsi.
Os dois tentam se aproveitar do fato dos sunitas serem a maioria na Síria. Assim, através de fornecimento de armas aos civis e política sociais (esses dois grupos sempre fizeram políticas sociais), tentam agrupar mais gente para suas seitas político-religiosas… (*Levante é toda aquela região litorânea e mediterrânea do Oriente Médio, para quem não sabe. Compreende Síria, Líbano, Palestina, Jordânia, Chipre e Israel) 11 – Ainda tem os curdos! A Síria sempre teve os curdos como minoria étnica. Curdo briga em todo país do Oriente Médio contra qualquer grupo que não sejam eles próprios. Os curdos não são árabes e são um grupo grande e homogêneo dentro do Oriente Médio. Apesar de serem muçulmanos (só que bem menos radicais), eles tem identidade própria e arrumam problemas em vários países. Eles querem o país deles e lutam por vários pedaços dentro de outros países. Entre eles, na Síria, tem a esquerda-radical revolucionária (PPK) e tem a direita curda pró-EUA e pró-Israel (YPG). Esse pessoal luta no Grande Curdistão Sírio (área dentro da Síria) contra o Estado Islâmico. Hoje, também luta contra o Exército turco. A Turquia de Erdogan trava uma briga com os curdos porque eles também querem um pedaço da Turquia. Acabou que Erdogan bombardeia eles dentro da Síria e manda tanques turcos atrás deles em territóriosírio também.
12 – Entre 2011 até meados de 2015 existiu o chamado EXÉRCITO LIVRE DA SÍRIA. Eram rebeldes que lutavam contra as forças leais a Assad (Exército Nacional, Hezzbolah e milícias em geral) de maneira organizada e com um comando central. O FREE SYRIAN ARMY (nome em inglês) era constituído por dissidentes do Exército Nacional (o de Assad) e por civis comuns recrutados ou voluntários que se prontificavam a lutar contra Assad e contra o Hezzbolah. Não era fundamentalista, não tinha aliança com o EI e com a Al-Qaeda, não desrespeitava mulheres e dizia ser favorável a um governo secular naSíria.
Algumas pessoas, defensoras do regime de Assad e do Hezzbolah, dizem que a FSA tinha ligações com os fundamentalistas do EI e da Al-Qaeda. Nunca foi provado. Outras fontes dizem que eram “cachorrinhos dos imperialistas”, por receberem armas dos EUA e serem uma parte treinados pela CIA. Nesse caso faz completo sentido. No entanto lutavam contra outro Imperialismo (o russo). Não que isso seja justificável, mas se fosse a vontade do povo sírio ter outro governo… Há a ideia no ar também, que mesmo sem ligação direta da FSA com o EI e com a Al-Qaeda, muitos fundamentalistas sunitas se juntavam com o FSA para se “camuflar”, escondendo suas verdadeiras pretensões religiosas e ideológicas lutando contra as forças de Assad. Esse tipo de coisa não dá para ser provado nunca, ainda mais através de notícias e boatos de internet. Mas o contrário também não dá para ser afirmado. O grupo FSA tinha várias divergências políticas entre seus membros, rompeu-se e acabou. O principal líder e fundador do grupo fugiu da Síria e conseguiu abrigo em algum outro país até então desconhecido. Sofreu um atentado a bomba e conseguiu sobreviver, mas perdeu uma perna. No caso, trata-se de Riad al-Asaad. Hoje o grupo parece ter renascido com apoio dos turcos para combater os curdos na área do Curdistão Sírio. Também devem funcionar como mercenários pagos pelos turcos. E voltaram a pedir apoio da CIA para lutar contra a influência dos iranianos dentro da Síria. No entanto, houve relatos em 2014 de que alguns remanescentes da FSA se juntaram aos curdos para lutar contra o Estado Islâmico. Também há relatos de ex-membros da FSA que literalmente viraram a cazaca para virarem milicianos de Assad. Enfim, o grupo era muito heterogêneo e se dispersou completamente. Segundo algumas notícias de grandes portais, a CIA parece não confiar plenamente em membros ou ex-membros do Exército Livre. Receiam a influência de jihadistas ou mudanças de rumos (“viracazaca”).
13 – Não é só o Hezzbolah que serve como milícia e tropa mercenária a serviço de Assad. Ele conta também com serviços mercenários da Guarda Revolucionária do Irã, uma espécie de Hezzbolah do Irã, mas apoiado pelo governo, fortíssimo e cheio de dinheiro. Tem Marinha própria e ganha dinheiro com tráfico de drogas. O governo do Irã faz vista grossa pelo tráfico de drogas deles e a Guarda foi responsável direta pela Revolução de 1979, ou seja, tem um papel histórico no país. Os soldados que vão para o front pela Guarda Revolucionária do Irã normalmente são afegãos pobres. Somente os técnicos, conselheiros militares e oficiais são iranianos. Eles usam esses afegãos como “bucha de canhão” (famosa expressão no meio militar para designar “linha de frente”) para testar novas técnicas e táticas de guerra militar convencional e guerra civil urbana. Vale lembrar que os iranianos são também os principais mentores técnicos e táticos do Hezzbolah. Foi assim inclusive no sucesso da guerra terrestre contra Israel em 2006. 14 – Há milícias e mercenários de todas as partes a serviço de Assad. Inclusive palestinos ultra reacionários, como o Comando Geral da FPLP (Frente Popular de Libertação da Palestina). A FPLP original tinha – e ainda tem – caráter revolucionário, marxista-leninista e anti-imperialista. Mas esse GC, o tal “Comando Geral”, é uma dissidência da FPLP dos anos 60. Uma dissidência de sujeitos altamente reacionários, mesquinhos e corruptos. São mercenários oportunistas. Ganharam dinheiro para defender Assad além de suporte técnico militar de oficiais russos. Hoje em dia são base de apoio do partido altamente corrupto e vendido Fatah, da Autoridade Palestina na Cisjordânia (West Bank). 15 – Assad soltou presos comuns do sistema carcerário nacional para servir na guerra a favor do seu governo. Os presos políticos ele manteve, pois iriam naturalmente servir aos lados contrários na guerra (jihadistas ou exército livre). 16 – Ultimamente tem empresa privada de serviços militares da Rússia sendo vistas em território sírio. Os EUA já utilizavam esse modelo há algum tempo (empresas privadas de mercenários atuando em guerras). Agora a Rússia também. 17 – O Estado Islâmico nunca foi uma força tão relevante na guerra civil da Síria, ao contrário do que falam. O principal combate sempre se deu entre o povo sírio e as milícias de Assad. A mídia pró-Rússia e a esquerda mundial pró-Assad divulga como se toda oposição a Assad fosse automaticamente simpáticas ao Estado Islâmico e de tendência a jihadistas. Não é verdade. As milícias de Assad combatem mais o povo aleatório e armado. É basicamente isso. Esse povo disperso e aleatório não compõe mais o EXÉRCITO LIVRE DA SÍRIA (FSA), mas funciona como se fosse. Só que sem organização e sem comando. Hoje a terra arrasada da FSA parece que foi substituída pela SDF (Syrian Democratic Forces), comandada pelo coronel dissidente do antigo Exército da Síria, Hussam Awak. A SDF vem sendo acusada de ter militares que lutaram junto com o Estado Islâmico no desenvolver da guerra. Mesma coisa da antiga FSA. No entanto em vários fronts a SDF luta contra o EI. A direita curda (YPG) atualmente parece ter comando sobre a SDF… Enfim, são vários boatos e análises diferentes. 18 – Me parece claro que cada lado político joga a responsabilidade do EI pro outro. Os grupos de Assad dizem que as forças democráticas lutam do lado do EI. No entanto a antiga FSA e a atual SDF dizem que na verdade é Assad e o Hezzbolah que lutam coordenados e juntos com o EI contra o povo da Síria. 19 – Aí vem todo o problema das análises políticas atuais, principalmente dentro da esquerda mundial e brasileira. _LADO A_ – A maior parte da esquerda defende o governo de Assad, pois diz que a guerra foi um produto de uma agressão imperialista orquestrada pelas grandes potências da OTAN, sobretudo EUA, visando quebrar a economia e a influência geopolítica da Rússia. _LADO B_ – A esquerda morenista (quarta internacional, LIT-QI, representados no Brasil pelo PSTU), a qual eu me identifico, defende que o povo sírio se rebelou contra o governo nefasto, ditatorial e ultra reacionário de Assad. Um lado tenta difamar o outro. O pessoal do lado A diz que o morenismo apoia o Imperialismo norte-americano e que apoia os fundamentalistas do Estado Islâmico. Essa também é a visão do trotskismo ultra infantil lambertista (de Pierre Lambert) do PCO. Os morenistas acusam o resto da esquerda de apoiar um governo ultra reacionário, retrógrado, bonapartista, etc. O que de fato acaba sendo verdade. A maior parte da esquerda, incluindo setores esquerdistas do PT mais os partidos PCB, PCO, PCdoB e grande parte do PSOL, utilizam os exemplos da Líbia (país em completo caos social após a queda de Khadafi), Egito (atualmente com governo reacionário pró-Israel e pró-EUA), Iraque (país destroçado após a queda de Saddam) e do Afeganistão na época da guerra contra a União Soviética (onde os radicais islâmicos treinados pela CIA assumiram o país, instalaram o regime Talebã e pioraram brutalmente) para justificar o status quo do governo de Assad na Síria. Algo como: ruim com ele, pior sem ele. E na minha opinião não se pode realmente descartar completamente essaanálise.
Falam que a esquerda da quarta internacional enxerga potencial revolucionário em qualquer manifestação de caráter golpista do Imperialismo. Essa opinião eu discordo, pois assim tira-se a legitimidade dos povos em qualquer insurgência contra governos ditatoriais e bonapartistas, o que de fato é um movimento de evolução política. Aí começam discussões do tipo cego discutindo com surdo. Um não enxerga e o outro não ouve. Cada um diz uma coisa diferente. No entanto, independente do achismo sobre o futuro da política da Síria, me parece muita infantilidade afirmar que todas as manifestações de 2011, a brutal repressão contra elas e o descontentamento do povo sírio foram meras manipulações do Imperialismo. Não é bem assim. O povo estava nitidamente cansado com a ditadura nefasta de Assad. A direita reacionária do Brasil – e creio que do mundo inteiro – não está nem aí pra Síria e pro povo sírio. Apenas não querem receber eles como imigrantes, por completo racismo e xenofobia. Mas a maioria fala mal de Assad e apoia ações com mísseis vindos dos EUA e da OTAN. É uma opinião bem rasa e superficial. A maioria não sabe bulhufas sobre o conlito e nem tem curiosidade dese aprofundar.
20 – Ainda tem mais coisa em todo esse enrolado da Guerra da Síria:Israel.
O Irã e o Hezzbolah são os maiores inimigos militares de Israel hoje. E ambos lutam no front sírio a favor de Assad. Israel então ataca sistematicamente o Hezzbolah e parte das milícias iranianas no território sírio. Já houve um confronto entre as duas partes com um caça F-16 israelense abatido por um sistema antiaéreo russo e um ataque aéreo israelense a um suposto depósito de munições dos iranianos dentro da Síria. Israel alega que o Irã e a Guarda Revolucionária querem formar uma nova milícia e um novo grupo paramilitar ao estilo do Hezzbolah na área das Colinas do Golã, pretendendo retomar essa área de Israel edevolver à Síria.
As Colinas do Golã historicamente eram da Síria, mas desde o fim da Guerra dos Seis Dias nos anos 60 pertencem a Israel. Moram vários drusos por lá, que hoje se reconhecem como cidadãos israelenses. Domingo passado Israel atacou posições iranianas e parece ter conseguido abater alguns membros da Guarda Revolucionária. O líder do Hezzbolah já declarou que isso era praticamente uma declaração de guerra ao Irã e um erro histórico. Há algum tempo se tem uma ideia que pode surgir a qualquer momento uma guerra entre Israel e Irã ou entre Israel e o Hezzbolah. Uma guerra que muito provavelmente seria violentíssima, tendo como estopim as hostilidades dentro do território da Síria. Antes da guerra na Síria o governo de Assad, teoricamente, era hostil à Israel. Até mesmo por ser um aliado histórico do Hezzbolah. Mas nunca incomodou Israel de fato. Há uma análise que a guerra teria começado inflada pelo Imperialismo também para proteger Israel de um país vizinho hostil. Mudando o regime, teriam um país aliado, a exemplo do que hoje é a Jordânia. 21 – Os últimos episódios da guerra no país envolveram ataques químicos supostamente promovidos pelo lado de Assad e bombardeamentos da OTAN em resposta a estes. Esse final de semana houve a segunda resposta da OTAN a um suposto e misterioso ataque químico, que até agora não há provas suficientes da suaexistência.
22 – Há uma analise geral e quase consenso de que a guerra está praticamente vencida pelo front de Assad com apoio do Hezzbolah, Guarda Revolucionária do Irã, Rússia e milicianos pró-Assad em geral. Pelo menos nas principais cidades do país (Damasco, Aleppo e Homs). No entanto ainda há constantes contraofensivas e rebeliões em todas elas e no resto do país. 23 – Além das contraofensivas e rebeliões, ainda há várias regiões do país não controladas pelo governo de Assad. São regiões com governos alternativos e autônomos. Uma típica situação em contextos de guerra, como a França da II Guerra Mundial tinha um pedaço autônomo com governo próprio não correspondente ao governo de Petain na França de Vichy (aliado de Hitler). CONCLUSÃO: enfim, é isso. O post é meramente sobre política e não detalha a análise técnica de guerra e polemologia. Não há espaço suficiente para análises detalhadas de cada batalha em si. Muita gente pode achar que eu estou sendo parcial, mas não existe análise completamente isenta de parcialidade. Procurei ser o mais imparcial possível em alguns momentos. No entanto não dá para ser superficial e infantil em alguns momentos, analisando de uma maneira estúpida, falando como se toda oposição a Assad dentro da Síria fosse único e exclusivamente formada de jihadistas bárbaros que maltratam mulheres e comem criancinhas. Mas também não dá para negar que o Imperialismo da OTAN queria destituir um governo de inclinação oriental (Rússia, China e Irã) e colocar um governo capacho do Imperialismo na Síria, para além de viabilizar o oleoduto do Catar e quebrar a Gazprom da Rússia, também criar outro aliado militar de Israel na região do Levante e isolar completamente o Irã e o Hezzbolah. Óbvio. Não escondo e nunca escondi a minha posição política (em geopolítica completamente de acordo com a esquerda morenista da quarta internacional / LIT QI). Fiquem à vontade para discordar e dar chiliques. Aceitarei todos os comentários sem xingamentos… Na verdade nunca recebi xingamentos e nunca reprimi comentários desde o início do blog. De qualquer forma, muito cuidado e atenção com o fake news deinternet.
EDUCAÇÃO E ECONOMIA – ALGUNS FATOS POR TRÁS DO MITO 09 _terça-feira_ jan 2018Posted by diogomnz
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Investimento em educação ou alocação de recursos em capital humano gera desenvolvimento ? Ou induz o crescimento econômico de formalinear? Nem sempre.
É um tema polêmico que há muito tempo eu espero colocar no blog e assim espero esclarecer alguns pontos do meu pensamento. É um assunto onde a direita e a esquerda política ora concordam e ora divergem. É interessante notar como há falta de homogeneidade no assunto. Os motivos são diferentes, mas o resultado do pensamento acerca da educação gerar ou induzir crescimento e/ou desenvolvimento são parecidos, em termos de correntes de pensamento político (socialismo, liberalismo, capitalismo, etc.). Mas por quê direita e esquerda política ora concordam e ora discordam do assunto? Normalmente a direita “liberalista”, leia-se, liberais clássicos, costumam correlacionar o tempo de estudo com a renda, de acordo com um estudo da OCDE. Fora isso costumam correlacionar também o nível de capacitação, a educação e a produtividade, sendo essa última fundamental – na opinião deles – para o crescimento prolongado e o consequente desenvolvimento. No blog vinculado à UOL “Por quê? Economês em bom português” vocês observam bem explicitado em alguns posts esse pensamento. Também é um raciocínio compactuado por gente do mainstream, como: Ricardo Amorim, Ricardo Paes de Barros, Mansueto Almeida Jr, Samuel Pessoa, Marcos Lisboa, Claudio de Moura Castro e afins. Além do economista pernambucano Alexandre Rands, que lançou um livro tentando provar que o desnível do PIB per capita – e da Renda per capita – entre a região Nordeste e as regiões Sul e Sudeste, além do desnível do Nordeste nos mesmos indicadores em relação ao próprio Brasil, se dava por grau médio de escolarização das populações referidas, hipótese que eu acho bem equivocada, para dizer o mínimo. Ele muito influenciado por artigos de Daron Acemoglu, George Psacharoupolos e um artigo dos brasileiros Hélio Zylberstajn e Afonso Celso Pastore. Fontes do próprio livro dele, além de várias menções a economistas famosos da escola novo institucionalista e novo clássica (Robert Lucas Junior, por exemplo). Mas há uma parte da direita que não concorda tanto com esse pensamento, que no caso são os libertários (ancaps e minarquistas). Alguns deles costumam criticar a cultura “bacharelesca” do Brasil e costumam falar que o número de profissões ou de competências para trabalho é brutalmente maior que o número de cursos superiores registrados pelo MEC. O que é verdade, diga-se de passagem. O problema é a conclusão que eles tiram disso e a prévia intenção, que é vangloriar a figura do “empreendedor bronco”. Chega a ser pitoresco, mas funciona assim. O caso da esquerda brasileira é diferente. Grande parte da nossa esquerda atual tem origem nos centros acadêmicos e no Movimento Estudantil. Todo esse pessoal tem uma mentalidade bastante academicista e viveu parte da vida no ambiente universitário, justo na idade onde se constrói a personalidade, sobretudo política. A defesa da universidade pública e a bandeira da educação portanto é um dos pilares desse estrato sócio político. Devido a isso muitas vezes parte da nossa esquerda brasileira defendia a bandeira dos tais “10% do PIB em educação”. Dito isso, primeiramente precisamos diferenciar crescimento dedesenvolvimento.
O crescimento da economia diz respeito ao crescimento do PIB (descontado a inflação, obviamente) e do PIB per capita. Talvez possa ser considerado também o crescimento da renda per capita, que apesar de ser uma identidade em relação ao PIB per capita no ponto de vista da contabilidade social, tem algumas diferenças de um pro outro. Aqui vou levar em conta apenas crescimento do PIB e crescimentodo PIB per capita.
Desenvolvimento é um conceito vago. Há vários tipos de desenvolvimento, mas no hábito do “economês” geralmente diz respeito ao IDH. Atualmente as Nações Unidas remodelaram a fórmula de cálculo do IDH, adicionando a desigualdade aos três itens avaliados (PIB per capita, tempo de estudo e longevidade) para comporo índice.
É bom alertar: todos esses indicadores tem erros, omissões e externalidades. Mas nesse texto não dá pra discutir acerca disso com profundidade. Levarei em conta todos eles. Já diferenciados, partiremos para o que interessa de maneiraobjetiva.
Analfabetismo, educação básica e PIB – mentiram pra vocês Dizem alguns liberais e economistas do mainstream que o aumento da educação básica (alfabetização e ensino fundamental) gera mais produtividade do que a educação do ensino médio, e por sua vez bem mais que o ensino superior (sendo essa inferior à produtividade do aumento do ensino médio), funcionando como uma forma de escala de grau de aumento de produtividade. Supondo que a produtividade é a chave do crescimento econômico no longo prazo, como diz o economista Paul Krugman, e é algo não polêmico da parte dele, sendo uma ideia compactuada por todas as vertentes do mainstream mais o pessoal da Escola Austríaca (que é um ramo da heterodoxia), logo, deveríamos então supor que a cura do analfabetismo seria fundamental para o crescimento no médio e longo prazo, visto que essa afetaria diretamente a produtividade do trabalhador. Óbvio. E quem está curando o analfabetismo, mesmo que de forma acelerada, está atrás de quem já tem zero de analfabetismo. Também óbvio. Mas aí lembramos do caso de Cuba, que tem zero analfabetismo e a economia definha desde a segunda metade dos anos 80… Mas aí falam de embargo, socialismo falho, estatismo, blablabla. Já mudam o assunto. O fato é que Cuba tem uma taxa de escolaridade altíssima em todos os níveis, mas a economia não funciona há décadas, depois dos altos crescimentos nos anos 60 e 70. Mas Cuba é uma exceção? Não. Então vamos citar mais exemplos parecidos: Argentina, Venezuela, Filipinas, Albânia, Azerbaijão, Bósnia & Herzegovina, Geórgia, Grécia, Maldivas, Tajiquistão, Coréia do Norte, Quirguistão, etc. Todos esses países tem índices de alfabetização da população altíssimos, mas o crescimento econômico de todos não convence nas últimas décadas. Ora, pela lógica deveriam estar com alta produtividade do trabalho e consequentemente com alto crescimento econômico. Mas não é arealidade.
_——- PS: PEQUENO ADENDO QUE EU POSSO ESTAR ERRADO EM RELAÇÃO A ALGUMA TAXA DE CRESCIMENTO DESSES PAÍSES. SE FOR O CASO, PERDOEM O ERRO E PODEM CORRIGIR NOS COMENTÁRIOS. COMO EU SEMPRE DIGO, EU ACEITO TODOS OS COMENTÁRIOS DO BLOG, MESMO OS TROLLS, HATERS, CRÍTICOS SÁBIOS E AFINS ——-_ A Bósnia por exemplo ainda herda a boa educação do período socialista da antiga Iugoslávia do Marechal Tito, mas desde a desintegração do país e a terrível guerra civil do começo dos anos 90, a economia do país está desindustrializada e estagnada. E sem muita expectativa de algum “take-off” no curto e médio prazo,infelizmente.
Fora que nesse raciocínio simplista países com forte educação em todos os níveis como EUA e Islândia nunca entrariam em crise, mas ambos entraram em crises em 2008. Em 2011 entraram Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda, também todos países com alto grau de educação em todos os níveis. A Grécia é um caso bem ilustrativo nesse sentido, pois continua definhando atualmente, convivendo com uma crise social, fiscal e econômica sem precedentes e até então sem cura. Até o fascismo voltou por lá. E a população é muito educada em todos os níveis. Exemplos de economias de forte crescimento nos últimos trinta ou vinte anos e com alto analfabetismo ou baixa taxa de educação? Indonésia, Malásia, Paraguai, Vietnã, Guatemala, El Salvador, Angola, Bolívia, etc. Não se tornaram países desenvolvidos ainda, mas tem forte crescimento do PIB no passado recente (pelo menos nos últimos dez anos). Se vai haver sustentabilidade disso é outra história. Mas pela lógica linear da taxa de educação, não deveriam crescer mais que Cuba, por exemplo. E nem do que a atualfalida Venezuela.
Toda essa minha visão veio de leituras de Ha Joon Chang, que apenas comprovaram algo que eu presenciava na prática do mercado de trabalho no auge da economia brasileira e no auge do desenvolvimentismo do complexo industrial e portuário de Suape em Pernambuco. Época em que nossa ex-presidente Dilma vinha a Pernambuco e dizia que o estado era a “Onça do Nordeste” (referência parecida com os “tigres” dos “tigres asiáticos), devido ao forte crescimento do estado na segunda metade dos anos 2000 e à atração de novas indústrias, além de investimentos em infra-estrutura (muitos deles não conclusos). Os jornais da época viviam noticiando a demanda por mão de obra qualificada, mas a prática era muito diferente das notícias. Sobravam jovens bem formados e educados sem conseguir colocação no mercado. Muitos trabalhadores vinham de outras regiões do Brasil e às vezes até estrangeiros eram alocados. Agora vou dividir o texto elencando alguns mitos. – OS PRINCIPAIS ERROS DE ANÁLISES EM RELAÇÃO A ALGUMAS PSEUDO VERDADES SOBRE A FORMAÇÃO DE CAPITAL HUMANO DE UMA REGIÃO, PAÍS EAFINS:
1 – Em relação a um estudo da OCDE correlacionando formação superior com renda, o principal erro é que análise se baseia em pessoas formadas já alocadas em cargos relativos às suas profissões. Exemplo: uma arquiteta formada que já trabalha como arquiteta. Vocês devem saber que várias profissões, como praticamente todas as engenharias, possuem fortes conselhos de classe com piso mínimo estipulado de salário. Então, logicamente, se você pesquisar engenheiros trabalhando em empresas como engenheiros de fato, de acordo com o piso mínimo estipulado pelos conselhos de classe, eles vão ganhar o salário estipulado. Obviamente, comparar um formando em engenharia trabalhando como engenheiro, ele vai ter uma renda muito maior do que um trabalhador alocado em qualquer função ou cargo exigido apenas o nível médio. Onde está o erro? Não são todos os formandos que se alocam nas vagas que os próprios tem interesse. Partir para o próximo item. 2 – O Brasil tem 13% da população com formação superior (Semesp e Inep). No entanto, apenas 6% da população brasileira ganha uma renda mensal de R$ 4000 ou mais (IBGE). Lembre-se que o DIEESE calcula em torno de R$ 3700 a 4000 uma renda básica para todo brasileiro ter apenas o básico. Parece muito? Mas é só o básico. Acredite: com essa renda uma pessoa física mal consegue financiar um apartamento da faixa II do Minha Casa, Minha Vida. Portanto para curso superior deveria ser uma renda até abaixo da média, mas não é, caso você compare as duas proporções (taxa de graduados e renda básica calculada do DIEESE). Alguma coisa não bate com a realidade, concorda? É simples de entender. Nem todas as pessoas que concluem a graduação no ensino superior conseguem ser alocadas em funções para nível superior. Quer outro indicador disso? Observe a concorrência nos concursos públicos para vagas de ensino superior. Observe também a concorrência para vagas no setor privado, geralmente em grandes multinacionais, em processos para entrada de _trainees. _Normalmente a concorrência ultrapassa por muito as cem pessoas por vaga. A correlação da OCDE é falha e engana as pessoasleigas.
3 – O termo chave é MOBILIDADE SOCIAL. O Brasil não tem mobilidade social. Uma pessoa socialmente vulnerável, moradora de periferia, sem acesso a amizades na alta sociedade, apenas munida de curso superior, muito dificilmente dará um salto de renda ou conseguirá alocação ótima no mercado de trabalho. O motivo é simples: falta trabalho e sobra oferta de trabalhadores qualificados. O contrário do que a grande mídia informa pra você. É isso que causa outro termo chave, inclusive que eu já utilizei no meu blog antes e peguei emprestado de Ha Joon Chang, INFLAÇÃO DE GRAU. 4 – O que é a INFLAÇÃO DE GRAU? Uma maior oferta de pessoas com curso superior conclusos do que a verdadeira demanda por elas. O setor produtivo no geral não tem como alocar todas, seja por falta de dinamismo econômico ou mesmo por questões simplistas de corte de custos para fazer frente aos concorrentes. Você nunca ouviu falar de engenheiros lotados como técnicos em indústrias? É o que mais existe no caso do Brasil. O motivo é simples: as indústrias não podem pagar muitos engenheiros. Onera a folha de pagamento e, logicamente, os custos. Então por que os grandes industriais e empresários no geral sempre vão pra mídia falar que falta mão de obra qualificada? Primeiro pela busca por facilidade de reposição e segundo porque quanto maior a oferta menor tende a ser a remuneração. A inflação de grau é o aumento de requisitos e de titulações exigidos para trabalhadores do setor privado. Línguas estrangeiras, certificados pagos, experiência prévia requerida, experiências de intercâmbios, indicações de colegas da empresa (algumas multinacionais colocam isso como diferencial no próprio preenchimento de cadastro pela internet), limite de idade, mínimo de idade, etc. Até o ponto que fica quase impossível uma pessoa comum conseguir alocação. Assim cria-se toda uma geração de desalentados, frustrados e infelizes. Ao mesmo tempo que todo esse comportamento gera um mercado bilionário de ensino superior privado e ensino de línguas estrangeiras. A apreensão e a busca incessante pela qualificação é lucrativa. 5 – A mobilidade social no Brasil praticamente inexiste e a meritocracia é uma farsa. Jessé de Souza, sociólogo brasileiro, em seus recentes livros “A Tolice da Inteligência Brasileira” e “A Elite do Atraso” versou muito bem sobre o assunto, apesar das críticas ao trabalho dele por acharem excessivamente partidário (petista). Os conceitos de “Capital Cultural” e “Capital de relações sociais”, muito por influência de suas leituras do sociólogo francês Pierre Bourdieu (muito provavelmente na obra “O Senso Prático”), definem bem a realidade brasileira. Basicamente a formação fundamental, médio ou superior não garante automaticamente a alguém do Brasil um acréscimo linear de renda. Jamais. PODE acrescentar, mas nemsempre.
6 – O fator produtividade existe no senso prático da prática do trabalho, mas também não é linear. A questão da produtividade do trabalhador, já abordada aqui no meu blog em outros dois posts, também PODE OU NÃO ser afetada pelos diferentes níveis deeducação.
EXEMPLO POSITIVO: uma linha de produção tem um operário de máquinas com torno CNC e a máquina quebra. Se é necessário chamar um técnico externo para consertar a máquina e o mesmo dá um prazo de dois dias para chegar, a indústria perde produção e consequentemente vendas, caixa, oportunidade de lucros, etc. Caso o trabalhador saiba consertar a máquina por qualificação própria, a produção continua. Logo, a produtividade aumenta. Agora potencialize isso para o todo da economia. Isso serve para trabalhadores que aprendam a ler em cargos que seja necessário saber ler ou que saibam utilizar softwares sofisticados em vagas que necessitem dessahabilidade.
EXEMPLO NEGATIVO: o trabalhador conclui um curso de informática, e/ou de línguas e/ou graduação tecnológica, mas o faturamento da empresa que ele trabalha não se altera. Logo, sua produtividade não será aumentada por titulações, aumento do tempo de estudo ou educação. Esse é o caso do grosso dos casos no Brasil. O faturamento bruto e os movimentos da elite empresarial é o que definem a produtividade, além da própria dinâmica macroeconômica do país. Muito mais do que a ação – autônoma ou não – dostrabalhadores.
7 – Todo problema de análise nesse assunto, ou quase todos, decorre de uma crença em uma falsa premissa. A crença que o indivíduo qualificado gera sua própria alocação bem remunerada. Descredenciando assim as falhas de mercado no campo do mercado de trabalho. Algo que é abundante, diga-se de passagem. Os setores de RH, os processos de seleção obscurantistas e a falta de sofisticação econômica (conceito do economista Paulo Gala) do Brasil contribuem bastante pra essa imensa falha de mercado. 8 – A crença na falsa premissa que o trabalhador qualificado gera sua própria alocação ótima, numa nítida remodelação tosca do equilíbrio geral da microeconomia (que muitas vezes é dito de forma cínica que é apenas uma “aproximação da realidade”), desconsidera as seguintes externalidades: DESEMPREGO ESTRUTURAL, DESEMPREGO TECNOLÓGICO, FUGA DE CÉREBROS E SUB-ALOCAÇÃO DOTRABALHADOR.
O desemprego estrutural e o desemprego tecnológico são fenômenos já conhecidos na literatura básica de economia. A fuga de cérebros seria o fenômeno do trabalhador qualificado em área X migrar para outra área atrás de alocação ótima, estando desempregado previamente. Ou então quando muda de um trabalho local sub-alocado e sub-remunerado para uma área mais desenvolvida economicamente através de alocação ótima e remuneração adequada. Ou seja, é um fenômeno de imigração/emigração e transferência de capital humano. Diferente do capital físico, como uma estrada ou uma linha ferroviária, que não tem como transferir de um local X para Y, o capital humano migra. Coréia do Norte e Cuba usam a exportação de trabalhadores qualificados para conseguir transferências unilaterais de renda para os governos de seus países. É uma das principais fontes de renda de ambos. Mas são casos específicos e, além dos países continuarem definhando economicamente, as regras não são as mesmas para trabalhadores dos países mais liberais na questão de emigração. Essa exportação de trabalhadores qualificados ficou muito conhecida no Brasil com o programa “Mais Médicos” de Cuba. Mas a Coréia do Norte também tem programas do mesmo tipo. A sub-alocação é um termo inventado por mim agora, que diz respeito ao trabalhador qualificado estar sendo alocado em áreas de menor potencial intelectual do que ele é capaz. É o caso do engenheiro lotado como técnico no chão de fábrica ou de um cientista social trabalhando com o aplicativo de caronas UBER. Seria o sub-emprego, basicamente. Isso ocorre em todas as áreas no Brasil e de diversas maneiras. Não é só com UBER e outros mecanismos mais conhecidos. Há muitos publicitários formados trabalhando com atendimento de agências de publicidade, formados em administração de empresas trabalhando como vendedores comissionados, analistas de sistemas trabalhando como programadores júnior, bacharéis em direito no famigerado status de “estudando para concursos” (em longos períodos improdutivos para a economia), gerando assim um conceito mais importante que o desemprego do IBGE, que é a TAXA DE OCIOSIDADE DO CAPITAL HUMANO DISPONÍVEL PARA TRABALHO DO BRASIL. – O QUE AS PÉSSIMAS ANÁLISES E A OMISSÃO FUNDAMENTAL NÃO PASSA PARA O GRANDE PÚBLICO LEIGO DO BRASIL, O QUE ACABA POR DESVIAR MONTANTES DE DINHEIRO E POUPANÇAS PRÓPRIAS DAS FAMÍLIAS PARA OS GÁRGULAS DA EDUCAÇÃO PRIVADA O conceito chave para entender o problema é a CAUSALIDADE REVERSA. Não é A que causa B, mas B que causa A. Esse é um dos pontos abordados pelos best-sellers de economia norte-americanos, _Freakonomics_ e _Economia Clandestino_. Assim como o fenômeno deVARIÁVEL OMITIDA.
A questão fundamental é que NÃO É A FORMAÇÃO SUPERIOR E O TEMPO DE ESTUDO QUE CAUSAM A ALTA RENDA. A RELAÇÃO É INVERSA NO BRASIL. É A ALTA RENDA QUE PROPORCIONA O ALTO TEMPO DE ESTUDO E ABOA FORMAÇÃO.
Os filhos da elite, com tempo de sobra para os estudos e munidos de “capital de relações sociais” (Jessé Souza e Pierre Bourdieu), podem se dar o luxo de não trabalhar para se dedicarem a cursinhos, graduação na USP (por exemplo), mestrado (ganhando bolsas-pesquisas raquíticas, tipo 1200 reais e quando ganha), etc. Além de formação no estrangeiro, seja graduação (_undergraduate_ nos EUA), PhD, pós-doutorado, etc. Por essa razão há um descompasso entre as pessoas com alta renda no Brasil e a proporção de gente com ensino superior concluso (13% contra 6%), visto que nem todos os graduados possuem capital de relações sociais. Lembre-se também que os 6% de “alta renda” incluem várias pessoas que ganham “apenas” de R$ 4000 a R$ 10000, que se você for parar pra pensar nos custos de vida, passa longe de ser“rico”.
Se for colocar rico mesmo, com mais R$ 10 milhões em conta bancária disponível pra saque, não dá 1% direito. E dentro desses 1% há muitas pessoas com pouco tempo de estudo e completamente ignorantes em diversos assuntos. Ou você acha que o dono da Riachuelo conhece Fenomenologia do Espírito em Hegel? Muito difícil, para não dizerimpossível.
A segunda causalidade reversa, fundamental argumento e informação dos papers/artigos correlacionando aumento do capital humano e da taxa de educação com o crescimento econômico: NÃO FOI O AUMENTO DA TAXA DE EDUCAÇÃO QUE OCASIONOU O CRESCIMENTO ECONÔMICO DOS PAÍSES (SOBRETUDO A SEMPRE CITADA CORÉIA DO SUL NESSE ASPECTO), FOI O ALTO CRESCIMENTO ECONÔMICO QUE GEROU ESSA MAIOR ABUNDÂNCIA DE INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO E CAPITAL HUMANO. O crescimento por vezes coincide com o aumento do capital humano. Mas um não é fator para o outro de maneira linear. E nem a educação. Os fatores de crescimento são variados. Industrialização, condições dos empréstimos internacionais, superação da especialização em produtos primários, a gestão político econômica, a taxa de poupança, o acúmulo de capital, os meios de financiamento tecnológico, a formação da burguesia industrial dos países, a sofisticação econômica, os acordos comerciais, ageopolítica, etc.
Para isso existem os diversos tipos de modelo de crescimento. Solow, Harrod-Domar, Kuznets, Rosenstein-Rodan, Hirschman, Leontief, Leonid Kantorovich, Rostow, etc. – A EDUCAÇÃO GERA DESENVOLVIMENTO VIA IDH?Sim. Ponto.
Caso de Cuba e tantos outros países. Sem economia robusta, mas comIDH alto.
É bom lembrar que o IDH da falida Venezuela continua mais alto que o do Brasil. Pode ter inflação fora do controle e falta de papel higiênico, mas o analfabetismo é praticamente zerado no país.NOTAS GERAIS
* Evidente que o acúmulo de conhecimento, o binômio ensinado-aprendizado, o “learning by doing”, a P&D (pesquisa e desenvolvimento), a pesquisa e extensão, a universidade, a escola e a formação de capital humano são importantes no curto, médio e longo prazo. O intuito do texto é desmistificar a correlação simplista e linear de educação/formação com renda/emprego. * O principal do texto, creio, é a ênfase na causalidade reversa. * O mito de que o investimento na educação gera ou induz o crescimento econômico flerta com mais dois mitos: o da meritocracia e o do Equilíbrio Geral (microeconomia). * Evidente que existem casos onde uma pessoa X trabalha em tal empresa, a própria empresa banca o curso superior do trabalhador e após a formação conclusa do mesmo, há um salto de cargo e de renda. Mas esse não é o caso da maioria, infelizmente. * A empresa brasileira, na sua grande maioria, não gosta de arcar com custos de formação, binário ensino-aprendizado e a chamada “curva de aprendizagem” do trabalhador. Por isso muitas empresas não se contentam mais com a simples graduação. Mas é por um erro delas próprias, caso haja recursos suficientes paras as devidas práticas. O serviço público é muito mais eficiente nesse sentido. SOBRE O TAL BITCOIN… 19 _terça-feira_ dez 2017Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO Dois mega posts meus no facebook sobre o frisson acerca do Bitcoin. Tive vontade de fazer um texto sobre o Bictoin no comecinho desse blog, mas tive um misto de preguiça com mais mais vontade de fazer textos sobre outros assuntos. Então agora segue… Além dos dois posts, separados por um começo em negrito, vou colocar uns comentários adicionais no final. E o link do texto do economista grego Yanis Varoufakis traduzido, o melhor texto sobre Bitcoin que euli.
_— ps: o blog está meio abandonado, mas vou tentar atualizar mais… Tive alguns contratempos (concursos públicos, busca por emprego, rotina pesada de treinamentos físicos, etc.). Do tempo que parei pra cá o mundo inteiro está um furacão econômico e geopolítico. Difícil está sendo escolher os assuntos para escrever sobre. Um abraço a todos os leitores, inclusive os ‘haters’. Aprovo sempre os comentários de todos! —_.
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SE O BITCOIN É UMA BOLHA E VAI ESTOURAR? MEU AMIGO, NINGUÉM TEM BOLA DE CRISTAL PRA SABER. A questão é a seguinte: 1 – A tecnologia é boa? Resp: É… (falo do blockchain, que pode ser usado para qualquer moeda digital, não só Bitcoin).
2 – Mas a tecnologia vale esse aumento de preço dos últimos anos? Corresponde à realidade? Responda para si mesmo. Lembre-se que pode ser usada para qualquer criptomoeda, não só Bitcoin..
3 – O que é bolha? Resp: aumento especulativo e irrealista de preços de algum ativo financeiro (ou não-financeiro, como os imóveis). O estouro ocorre quando esse aumento especulativo decai muito rapidamente, com a volta da realidade precificada..
4 – E por quê vem aumentando tanto o preço/cotação? Resp: porque os investidores estão usando para especular..
5 – Mas e se subir mais ainda e eu perder o bonde da história? Resp: problema seu. Também é problema seu se perder dinheiro com Bitcoin comprando na alta e vendendo na baixa..
6 – No final das contas é aposta, como qualquer outro investimento..
7 – Sempre vão ter vendedores de Bitcoin com um milhão de argumentos para dizer que o Bitcoin é a melhor coisa do mundo. Não existe almoço de graça, então farinha pouca meu pirão primeiro,já dizia o ditado.
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8 – Não é moeda. Ponto. Não preenche os principais requisitos de uma moeda. Está sendo usando como intermediador de algumas trocas sem ser moeda. Uma espécie de escambo. Se vai continuar assim ou vai aumentar na função de intermediador de trocas, é uma aposta. Toda essas intermediações tem função de valorizar o ativo e propagandear o mesmo..
9 – Se não é moeda, é o quê? Resp: um ativo financeiro especulativo. Por trás desse ativo há uma boa tecnologia (blockchain), mas que pode ser usada para qualquer outro ativo em forma de criptomoeda. Até a Venezuela anunciou uma moeda digital própria e deve usar a tecnologia do blockchain. Dubai já anunciou uma criptomoeda própria também, enfim… Ou até mesmo pode ser utilizada para as moedas nacionais. Sim, podemos ver no futuro próximo os governos utilizando o blockchain para fazer todas as transações em moeda de um país. Isso vai tornar inútil o uso de cédulas e da moeda física. Ou seja, economizará os gastos da Casa da Moeda no caso do Brasil. E pode (eu disse pode) facilitar o trabalho da Receita Federal..
10 – Os governos podem se utilizar do blockchain para ferir a privacidade das trocas e comércio dos cidadãos? Resp: Pode. É possível, apesar do blockchain utilizado no Bitcoin “garantir” a privacidade das transações. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo da interpretação..
É usado para lavagem de dinheiro e ilicitude? Resp: Ôôô… Mas esse argumento contra o Bitcoin não quer dizer absolutamente nada. A moeda física (cédulas) é utilizada para todo tipo de ilicitude também. Ou você acha que o usuário está comprando cocaína dentro da favela com Bitcoin?.
11 – A falta de privacidade de outras moedas utilizando o blockchain e a suposta privacidade do Bitcoin ou de uma concorrente (tipo Ethereum) pode fazer essas ter uma valorização de preços eterna? Resp: bicho, sei lá! Poder pode, mas é uma aposta. Volte ao item 6 e releia..
12 – “Aiiiin…. eu vou perder o bonde da história e vou deixar de ganhar dinheiro porque tive medo” Resp (bruta): deixe de frescura, porra! Vamos lá: – Você não ganhou caminhões de dinheiro com a ação pitoresca Milk1 (uma lenda do mercado financeiro). – Você não comprou Petrobras a três reais e alguns quebrados uns dois anos atrás. Agora a ação já está em quinze reais. – Você não comprou Magazine Luiza na época da discussão de Luiza Trajano e Diogo Mainardi (2014). Hoje a Magazine Luiza já aumentou o valor de mercado em trinta vezes (sim, trinta…). – Você não comprou ações do Itaú no final dos anos 90, quando custava menos de um real. Depois da fusão-aquisição com o Unibanco em 2008 a ação do Itaú estava custando 50 reais. – Um apartamento de três quartos e uma suíte, um médio família em bairros nobres na maioria das capitais brasileiras, custava um preço no começo dos anos 2000 e o triplo ou quádruplo no final dos anos 2000. Você aproveitou? – Nos tempos dos seus pais e avós, o sujeito de classe média alta comprava um terreno baldio e esse ativo valorizava cerca de 300 vezes em menos de uma década. Mas como existe a função social da terra na nossa CF (ainda bem…), sempre corria o risco de perder a terra por desuso. A terra nos tempos dos seus avós não era nada muito“disruptivo”…
– Você perde oportunidades o tempo inteiro porque você não tem como ser adivinho. E estudar economia não vai fazer você prever nada. Teve um tal de Myron Scholes que ganhou um prêmio Nobel de economia e o fundo de investimentos dele foi um dos maiores micos da história do mercado financeiro. O nome do fundo era LTCM e tem um livro sobre a história desse mico com o título sugestivo de “Quando os Gênios Falham”..
13 – Ainda tem outros detalhes, como as casas de câmbio, as câmaras de compensações, registros de patrimônio e ativos, etc. Muita coisa. Mas o básico é isso aí..
O resto é com você..
Referências: já tem um milhão de textos ofensivos e defensivos acerca do Bitcoin. O melhor que eu li até hoje foi o de YanisVaroufakis.
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MAIS COMENTÁRIOS SOBRE O BITCOIN 1 – Alguns “gurus” da tecnologia ou de qualquer outra coisa estão surfando na onda da valorização pra se dizerem os fodões.Isso é normal.
Todos os gurus da tecnologia tem seus momentos de sorte e seus fiascos. Eles vivem disso. Dão pitaco na mídia pra ver se alguma coisa vinga. Se não vingar, todo mundo esquece. Se vingar, eles vão pra mídia falar que previram tudo. Faz parte do jogo, mas o pessoal também não pode ter extremo ceticismo com o conceito de criptomoeda por causa desses caras. 2 – Cuidado com o extremo ceticismo à disrupção. Tem coisa que não dá pra levar tão a sério, como achar que as fontes alternativas de energia vão acabar com o petróleo e gás da noite pro dia. Uns tempos atrás achavam que o plástico PET iria acabar com os derivados de polipropileno, mas não acabou. Há vários mercados tradicionais que se reinventam. Um caso clássico foi o Cirque de Soleil reinventando a indústria circense para adultos e que antes já estava praticamente falida com apresentações voltadas para crianças. No entanto o UBER em algumas cidades roubou a clientela dos taxistas (mas em outras não), o AirBnB roubou a clientela de alguns hotéis (mas em outras não), os food-trucks tiraram clientes de grandes redes fast-food (em outras não), etc. A disrupção existe e os mercados tradicionais resistem, simples assim. O Bitcoin no comecinho da divulgação no Brasil tinha gente falando que iria “quebrar” todos os bancos centrais do mundo. Isso não tem fundamento, visto que a valorização do ativo vem da própria injeção da moeda nacional no próprio. Ou seja, quem compra Bitcoin pra “ficar rico” (investir de fato) precisa torcer para que as moedas nacionais continuem existindo. Sem as moedas nacionais não vai existir essa valorização de preços, obviamente, visto que os preços são cotados na própria moeda nacional (!!!). Se instalaria uma nova ordem de demanda por moeda digital lastreada em outros ativos, e isso por enquanto é completamente utópico. Então o princípio inicial da criptomoeda Bitcoin, que seria o de burlar o sistema bancário e os bancos centrais, não faz tanto sentido assim. Sem falar que os bancos podem comprar e minerar Bitcoins também. Já estão fazendo um monte de derivativos lastreados no preço do ativo, enfim… Achar que o Bitcoin é totalmente “out” do sistema é tolice. 3 – Mesmo assim, sem nada impedir o sistema bancário mundial de fazer uso da especulação do ativo, ele ainda incomoda o sistema ao meu ver. Por quê? Porque não é tão controlado por um banco central, que naturalmente é cooptado pelos maiores bancos. O Bitcoin é uma espécie de “destruição criativa” deSchumpeter.
E isso existe sim. Muitas vezes a crença nesse princípio de Schumpeter resulta em fiascos catastróficos, mas outras vezes, com bom senso agregado, não se pode negar sua existência. Muitas indústrias e mercados são recriados no capitalismo. A Kodak quebrou e já foi uma gigante. A Xerox hoje não é nem 10% do que era no passado. A Apple estava semi-falida nos anos 90 e em meados de 2008/2009 era o maior valor de mercado do mundo. A ação da Petrobras já custou 70 reais na época do lançamento do pré-sal e chegou a custar 3 reais e alguns quebrados uns cinco anos depois disso. Então nada é pra sempre. Por isso é bom ter cuidado com o extremo ceticismo, desdenhando demais do ativo e da tecnologiablockchain…
4 – Dito isso no item 3, as moedas digitais podem incomodar os bancos comerciais e de investimento sim. É uma concorrência natural do dinheiro de plástico, do mercado de crédito, do mercado de capitais, etc. Também é uma nova concorrência às grandes bandeiras de compensação financeira (Redecard, Credicard, Mastercard, Visa, etc.). Tudo isso incomoda sim! E muitas dessas empresas até podem entrar nas criptomoedas agora, mas vão entrar atrasadas! Outras já entraram há muito tempo, mas preferem os lucros do mercado financeiro tradicional. E elas não gostam disso, pois a ganância é muito grande. É tudo um jogo de interesses. Ninguém gosta de concorrência, a verdade é essa. O ser humano não gosta de concorrência. Corretoras, casas de investimento AAI (agente autônomo de investimentos), etc. Todas elas se não entrarem no mercado de criptomoedas vão ficar naturalmente incomodadas. Mas muitas já entraram, e aí ? Essas vão dizer que é o melhor investimento do mundo. A Empiricus Research já está fazendo propaganda atrás de propaganda das criptomoedas. Lembre-se: um dia comprar ações da OGX também já foi o melhor investimento do mundo e deu no que deu. A mesma Empiricus recomendava a ação da OGX uns dois anos antes da quebra total da empresa. Mas tem gente que prefere usar o caso do Facebook, que valorizou cerca de 5000% em uma década. Você é quem deve refletir… 5 – Sou adepto do nem 8 nem 80. O que queima o filme desse novo mercado de criptomoedas são meninos buchudos com óculos fundo de garrafa cheio de espinhas na cara em fóruns de internet dizendo que “vão ficar ricos” com criptomoedas ou dizendo que o Bitcoin “mudou a vida deles”. Muita hora nessa calma! Adulto razoavelmente sensato não pode cair nessa. 6 – Por que alguns países estão incentivando o uso do Bitcoin como moeda intermediadora de trocas em seus países, caso da Rússia, Venezuela e Argentina? Resposta: É uma espécie de URV ou triangulação de moedas, para driblar a desvalorização de alguma moeda nacional em relação ao dólar. URV no caso foi a triangulação regulamentada e oficial feita pelo governo na época do Plano Real. O pessoal que tem menos de 25 anos de idade não vai lembrar. A triangulação era feita entre o Cruzeiro Real (a antiga moeda), a URV (a intermediadora) e o Real (que seria a nova moeda adotada, vigente até hoje). Foi uma maneira muito bem sucedida de driblar a inflação inercial. Foi também copiada em outros países mais desenvolvidos (Coréia do Sul, Israel, etc.). Venezuela, Rússia e Argentina tiveram desvalorizações de suas moedas muito fortes devido a fatores geopolíticos (sanções, guerra, política monetária, fundos abutres e tudo mais). Para não perder tanto poder de compra internacional, os governos desses países estimularam o uso do Bitcoin para suas populações, visto que o ativo não era tão valorizado em seus próprios países, mas eram bastante valorizados fora. Se não “bastante”, mas pelo menos mais valorizados que suas próprias moedas nacionais. Ou seja (só colocar o tico-teco pra funcionar)… É uma forma sui generis de driblar a desvalorização e a perda do poder de compra. Com a população comprando e usando Bitcoin, ela evita ter seu poder de compra muito diminuído e nesse sentido é bastante interessante não só o Bitcoin como qualquer criptomoeda. Seria uma maneira mais abrangente e popular das pessoas comuns puderem cambiar moedas aumentando seu poder de compra, sem deixar isso monopolizado na mão de grandes barões do mercado financeiro. A ideia é mais ou menos essa. Se funciona 100% assim ou não, é outra história. É lógico que o grosso já está nas mãos de grandes barões. Mas e se tiver menos concentrado que o capital financeiro bancário (crédito, moeda e ativos) ? A grande questão é essa. 7 – Esse mercado oscila muito mais de acordo com a casa de câmbio do que os mercados mais tradicionais. Pra entrar, eu julgo necessário pesquisar muito sobre as casas de câmbio antes. 8 – Também há mais um monte de criptomoedas fora o Bictoin e o Ethereum, as duas mais famosas. Tem Dash, Monero, RippleCoin, IOTA, etc. Cada uma tem suas particularidades. Se for pra investir/apostar nessas coisas, é bom e necessário pesquisar as diferenças. 9 – Fique atento que a tecnologia do Bitcoin é boa em certo sentido de facilitar transações e compensações/liquidações, mas o custo energético é alto. Energia no mundo de hoje é tudo. Ou seja, a tecnologia é boa, mas não é o elixir do mundo e não vai salvar o mundo. Já tem umas notícias por aí dizendo que a mineração tem um custo energético insustentável. Fique esperto para não ser o pato da vez! Isso pode ser o motivo e bode expiatório para ruir todo o sistema, talvez (eu disse talvez)… 10 – Vão ter mais quedas e subidas repentinas? Vai, meu filho…Exemplos:
Banco Central da China proíbe = cai Banco de Frankfurt lança derivativos de Bitcoin = sobe Pane no sistema e ataque hacker = cai Grande banco brasileiro lança cartão Bitcoin = sobe E vai ficar nessa putaria aí. 11 – Vi em um fórum o pessoal discutindo o “lastro” das moedas digitais. Eu já usei esse argumento contra o Bitcoin. Mas os vendedores ou apologistas de moedas digitais falam que as moedas nacionais também não tem lastros, como contra-argumentação. E sinceramente? É verdade. O lastro da moeda nacional no caso seria o Estado nacional. Vai deixar de existir o Estado de Direito e a sua autoridade monetária? Pra mim não, mas tem gente que acredita, mesmo no curto prazo… Mas isso não é um lastro de ativo, é um lastro moral ideológico. É bom você ter consciência disso. Se você acredita na falência total do Estado-Nação no médio prazo, boa sorte e entre de cabeça nessenegócio!
12 – Para quem ficar com “deprê” porque perdeu o bonde da valorização, já disse no outro post sobre o assunto: frescura. Todo mundo deixa oportunidade passar o tempo todo. Menos de 1% da população tem valorizações patrimoniais muito acima da SELIC ou da inflação no longo prazo. A grande verdade é essa. Esse argumento da “deprê” muitas vezes é usado por apologistas das criptomoedas para fazer mais gente entrar no negócio. Já falei: fique esperto para não ser o pato da vez, mas também cuidado com o extremo ceticismo. Nem 8 e nem 80. 13 – É pirâmide? Resposta: tudo é pirâmide. Umas mais, outras menos. Avestruz Master e Telexfree por exemplo é palhaçada. Mas existem pirâmides mais domesticadas e menos ofensivas. O sistema financeiro mundial é uma pirâmide. A quantidade de moeda e de ativos interligados que nos balanços financeiros dos bancos centrais fazem a identidade passivo/ativo não condiz com a quantidade global de bens e serviços. Isso é um fato irrefutável. A questão é saber quando as bolhas desmoronam, tudo se resume a isso. Ninguém sabe… Ou pouca gente! A economia mundial por completo não tem lastro. Por isso vivemos pulando de crash em crash, desde a revolução industrial. Então cuidado quando sair por aí chamando Bitcoin de pirâmide, pois os apologistas podem usar esse mesmo contra-argumento, que infelizmente é verdadeiro. O Bitcoin é pirâmide sim, mas os outros ativos também são. Ações de empresas são pirâmides também. Tudo isso é pirâmide, só que algumas mais domesticadas e outras não passam de palhaçadas (tipo Telexfree e Hinode). 14 – O Bitcoin é uma pirâmide pouco domesticada? Resposta: não sei. Veremos nos próximos cinco anos. Se cair de 70 mil reais (cotação atual arredondada) pra 7 mil, talvez sim… Mas já houve quedas bem parecidas no mercado acionário, como a própria Petrobras da histeria do pré-sal até a crise desencadeadapela Lava-Jato.
E sobreviveram… Estão aí de novo… Mais uma vez eu alerto: os apologistas das criptomoedas podem usar esse argumento a seu favor. A função utilidade do Bitcoin, tirando os países que incentivam seus usos como intermediadora de trocas (tipo Rússia e Argentina), é praticamente zero. Mas as ações de empresas servem pra quê? Se come? Mas pelo menos tem lucros e dividendos (pense nisso…). Ouro também não se come, mas pode ser um belo investimento de médio prazo, justamente porque está longe dos holofotes e o dólar-moeda está praticamente quebrado como lastro mundial. Sinto dizer aos meus amigos não-marxistas, mas só marxistas tem certeza e estudaram seriamente sobre isso. O resto é pitaqueiro echutador.
A crítica do pessoal da Escola Austríaca sobre isso (o sistema financeiro global e a quantidade de moeda-ativos) é bobinha e simplista, não tem densidade teórica e científica. Esses assuntos estão bem ativos na obra de Marx no livro III de O Capital. O livro II também é elucidativo na questão da metamorfose do Capital e sobre os custos de rotação. Um excelente complemento disso é o economista keynesiano Hyman Minsky (e seu clássico “Estabilizando uma economia instável”)..
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COMENTÁRIOS ADICIONAIS: 1 – Por que não é moeda e não preenche os requisitos de uma?Resposta:
– Conceito do economista André Perfeito (Gradual Investimentos) em uma das suas ‘lives’ no facebook: (1) meio de troca, (2) unidade de conta e (3) reserva de valor, no caso as funções tautológicas da moeda (elasticidade de substituição próxima de zero e elasticidade de produção próximo de zero). – Conceito do manual de economia monetária de Lopes & Rosseti (9ª edição 2005) acerca das funções da moeda: 1- intermediária de trocas 2 – medida de valor 3 – reserva de valor 4 – função liberatória 5 – função de padrão de pagamento diferidos 6 – função de instrumento de poder – O Bitcoin e as outras criptomoedas não possuem todos esses conjuntos ao mesmo tempo. É necessário, para ter a característica de moeda, possuir todos eles, não apenas um isolado. As criptomoedas são, portanto, ativos financeiros. Ou funcionam como tal. Podem ser cambiadas por mercadorias e outros ativos sim, todavia outros ativos financeiros também possuem mesma característica, como o mais conhecido para esta finalidade, o swap cambial. – Outra característica das criptomoedas é a crença dos seus apologistas de que elas são e continuarão sendo deflacionárias. Ou seja, valerão mais no futuro do que hoje. Isso coloca nelas um potencial tipicamente poupador. Ao mesmo tempo há um “inflacionamento” das próprias criptomoedas como ativos, calculado em moedas nacionais, que são as verdadeiras unidades de valor e reservas de valor, entendido a palavra “valor” diferente do contexto marxista. Claro, isso no médio e longo prazo, pois sempre há quedas repentinas da cotação. Trata-se de um paradoxo. Elas inflacionam em moedas nacionais ao mesmo tempo que elas próprias são deflacionárias por si mesmas, visto que uma unidade de Bitcoin valerá menos hoje do que amanhã, de acordo com a crença dos seus entusiastas. Entendeu? Mas essa crença da deflação só poderá ser plena se elas passarem a ser as únicas intermediadoras de trocas, substituindo as moedas nacionais. O que é, no momento, meio utópico ou inconcebível. Vale também fazer uma menção ao livro (meio bobinho, aliás) chamado Pós-Capitalismo, de Paul Manson. Ele dá uma solução para o sistema financeiro global, em uma ordem pós-capitalista, com bancos centrais unidos ou “socializados”. É uma coisa meio besta, mas vale a pena perder algum tempo lendo a ideia. Tem a ver com Bitcoin? Mais ou menos. Mas tem, visto que a ideia inicial do Bitcoin é “quebrar” os bancos centrais e as moedas nacionais. Aí você também lê o texto de Varoufakis e fazer um paralelo juntando as peças e criando sua própria opinião. Esse autor (Paul Mason) e jornalista não é marxista, diga-se de passagem. Mas que entende a fase de estagnação crônica do capitalismo atual. Ele faz parte dessa leva de gurus da tecnologia e do Vale do Silício. Ou que influenciam o Vale, tipo o finlandês Pekka Himanen e o empresário Nick Hanauer. Todo esse pessoal meio “pra-frentex” do Vale do Silício já entende isso e concorda que uma nova ordem pós-capitalista está em curso ou processo. No entanto, os apologistas do capitalismo à brasileira, apesar de exaltarem tanto as figuras como Elon Musk e os empresários de lá, ainda não entendem isso e acham que é coisa de “mortadelas”.Enfim…
Mas a direita brasileira mais xucra e proto-fascista, tipo as ‘olavetes’, odeiam os empresários do Vale do Silício. Valelembrar disso.
Há vários textos e matérias sobre o Bitcoin. O economista Fernando Ulrich é um dos maiores apologistas da criptomoeda no Brasil. O jornalista e pseudo-historiador charlatão Leandro Narloch também. Há vários entusiastas e detratores… Entre os detratores há muitos banqueiros tradicionais (J.P Morgan, Morgan Stanley, etc.). Pesquise e vá atrás! Deixe de serpreguiçoso!
Antigamente, uns três ou quatro anos atrás, você procurava textos sobre Bitcoin e a informação era muito escassa ainda. Hoje basta uma busca no Google que há uma interminável lista de textos na blogosfera. Não se faz necessário eu ficar “clipando” todos por aqui. Vou colocar apenas o de Yanis Varoufakis. Minhas ideias dos dois posts no facebook foram tiradas de muitas dessas leituras, vídeos e até posts inteligentes vistos no facebook. A sacada da comparação com a URV por exemplo foi tirada de um post de um funcionário do Banco Central. Eu já tinha consciência da triangulação de moedas, mas eu argumentava antes que não se comprava nada com Bitcoin. E era verdade quando eu falava isso (em meados de 2014 no Brasil…), mas não é o caso da Argentina e Rússia, por exemplo, nos últimos três anos. MAIS UM COMENTÁRIO: eu comprei Bitcoin em 2012 na empresa Mercado Bitcoin. Bem antes da modinha. Na verdade já existia a modinha em círculos nerds, mas não era tão conhecida como hoje. Nem 5% conhecida como agora. Vendi na primeira crise com prejuízo, mas não me arrependo e nem fico chorando. Meu pai e alguns amigos falam “se eu tivesse continuado”. Não existe “SE” na vida. E em 2015 eu tive uma doença grave e tive alguns custos com tratamento médico. Evidente que eu teria sacado o dinheiro de toda forma. Antes disso eu já tinha sacado para gastar com supérfluos. Na época, também não havia a tecnologia blockchain. Ou não era tão divulgada. Volto a repetir que dor de cotovelo por isso (perder a valorização) é bobagem. Bullshit! Tem opções de ações (derivativo clássico do mercado financeiro) por aí valorizando mais de 1000% ao ano (sim…). E você fica sabendo disso? Pois é. Mesma coisa do caso das ações da Magazine Luiza. Fora o novo mercado de apostas esportivas também. O mundo corre. Enfim, é isso! Link para o texto traduzido de Varoufakis: http://www.esquerda.net/artigo/bitcoin-e-perigosa-fantasia-do-dinheiro-apolitico-por-yanis-varoufakis/42956 NUNCA FOMOS TÃO RICOS? SOBRE DESIGUALDADE E POBREZA 22 _domingo_ jan 2017Posted by diogomnz
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≈ 4 COMENTÁRIOS
Recentemente saiu na imprensa um estudo da Oxfam – uma espécie de agregado de ONGs capitaneadas pela Universidade de Oxford – mencionando que oito bilionários detinham a riqueza de 52% da população mundial. A esquerda política mainstream do Brasil – notadamente simpatizantes do PT e do PSOL – foi à loucura nas redes sociais e compartilhou as matérias sobre esse anúncio em massa, falando das desigualdades e injustiças sociais no mundo. De bate pronto, é claro, vieram liberais clássicos, conservadores, adeptos da Escola Austríaca e afins, desdenhando dos estudos, afirmando que os cálculos estavam equivocados ou que desigualdade não era tão importante (e sim a pobreza), etc. Há sempre uma ideia generalizada, bem explícita até, entre os liberais e suas milhões de correntes, que nunca fomos tão ricos. Nós, a população global. A ideia geral é que o mundo tem prosperado cada vez mais com o capitalismo, os recursos estão melhor distribuídos e a pobreza está retrocedendo, inclusive em regiões historicamente pobres (como a África subsaariana). Acredito que já escrevi neste blog, em 2015 ou ano passado, sobre a importância da desigualdade de renda em relação à robustez econômica (crescimento do PIB, PIB per capita, IDH e tudo mais). Há um trabalho inclusive sobre esse assunto, de Dani Rodrik e Alberto Alesina, muito bem fundamentado. Segue o link do trabalho (correlação entre desigualdade e crescimento): https://www.mtholyoke.edu/courses/epaus/econ213/rodrikalesina.pdf É importante ressaltar as diferentes conceituações. Desigualdade de renda é diferente de desigualdade social. Pobreza e riqueza já são duas coisas diferentes também. É complicado definir “riqueza”, pois dá margem para diversas interpretações em cima disso. Todos nós já ouvimos o velho ditado dos tempos das vovós: “Sou rico de saúde” Na maioria dos bons manuais de contabilidade social há uma diferenciação do conceito de PIB com o conceito de riqueza. O PIB é uma produção temporal e um marcador de atividade. Produto em estoque não faz PIB, por exemplo. Só faz se for vendido e sair do estoque, daí a importância do conceito clássico de demanda efetiva do Lord Keynes. No entanto o estoque pode ser riqueza se tiver valor de troca e consequentemente um preço. A mesma coisa serve pro imóvel de um proprietário. O imóvel é riqueza, no entanto depois de construído a única coisa que ele agrega ao PIB são os seus tributos (como o IPTU) e os seus serviços agregados (manutenção, guarda e conservação). O preço da construção entra no PIB apenas nos momentos de incorporação e das vendas. Creio que depois da primeira venda, com as vendas aos terceiros, entram no cálculo apenas os tributos relacionados (como o ISS da intermediação e o ITBI, por exemplo). Dito isso, um post no facebook sobre o assunto referido me chamou a atenção. O nome do sujeito que postou é Carlos Góes. Não o conhecia antes do post. Me parece um recente economista pós-graduado na Johns Hopkins University e com bacharel em relações internacionais pela UnB. É liberal, pelo visto. Parece ser colunista do site e página do facebook “Mercado Popular”, difusora das ideias da Escola Austríaca.Segue em anexo o
post: https://www.facebook.com/carlos.goes/posts/10153959564292574 O rapaz dá boas contribuições sobre o assunto, mostrando que há como se debater defendendo o lado liberal em alto nível, algo que às vezes me parece muito escasso (tirando a ortodoxia macroeconômica no âmbito acadêmico). Ele contesta o medidor de “riqueza líquida” do Credit Suisse usado pela Oxfam, que de fato é bem contestável. Nesse indicador se subtrai as dívidas do patrimônio físico das pessoas físicas. E nesse caso um Eike Batista seria mais pobre que um vendedor ambulante sem dívidas (mas também sem crédito). Mas algo que não comentaram sobre isso é que esses exemplos gritantes podem ser exceções e “pontos fora da reta” numa amostra. No entanto ainda é um argumento razoável, pois de fato pobres não tem dívidas porque nãopossuem crédito.
Ele cita diversas outras fontes – excelentes materiais diga-se de passagem – para relativizar a desigualdade atual no mundo. Ele deixa claro que é um liberal diferente e que se preocupa sim com a desigualdade. Ponto pra ele. Mas que seria necessário mais rigor para avaliações de pobreza, desigualdade e afins. O critério de Thomas Piketty, por exemplo, é questionado devido ao fato de serem pesquisas restritas a países desenvolvidos. E a avaliar somente o retorno da renda, que é possível de ser mensurado, e não do estoque de riqueza, muito mais difícil de mensurar. Como sabemos: renda é uma coisa e riqueza é outra. Um é composto por salários, aluguéis, pensões, lucros e afins. O outro é composto por bens físicos, estoque de produtos, imóveis, maquinário, terras, etc.Respectivamente.
Mas voltando a questão da pobreza e da afirmativa de estarmos mais ricos, vamos analisar alguns dados. A população da África saltou de 482 milhões em 1980 para 1,1 bilhões em 2016. A redução de pobreza em percentuais nesse período foi de aproximadamente 59% para 48%. Esses são somente dados ilustrativos para demonstrar um raciocínio. Não são números exatos. O da população foi tirado do site ourworldindata.org e se trata de uma fonte mais fidedigna. O percentual de pobreza é um número mais chato de ficar procurando, mas tirei de um post do economista e professor da UnB Roberto Ellery, um liberal já citado aqui no meu blog um tempo atrás. Ele por sua vez tirou seus números do site do Banco Mundial e a informação percentual é de 2010 (e não 2016). Segue: http://rgellery.blogspot.com.br/2013/10/no-post-anterior-falei-sobre.html Mas como eu falei, se é somente para ilustrar um raciocínio farei uma conta utilizando a população de 2016 e a proporção de pobres de 2010. Fora esses números para serem minerados por aí, tem a questão das diferentes classificações:”extrema pobreza”, “pobreza”, “vivendo abaixo de 1,5 dólares ao dia”, “vivendo abaixo de 2 dólares ao dia”, etc. Tudo isso é uma coisa, já a ideia de “ser rico” é outra, bem vaga diga-se de passagem. Faça as contas agora: 59% de 482 milhões dá 284 milhões de pobres. Já 48% de 1,1 bilhão dá 528 milhões de pobres. Ou seja, na verdade a pobreza mais do que dobrou em números totais, mesmo caindo em números percentuais. A queda percentual talvez seja um mero efeito estatístico de estagnação crônica da pobreza, pois talvez seja mais difícil – estatisticamente falando – manter um patamar tão alto em percentual vivendo com tão pouca renda tendo uma força de trabalho tão maior em números totais em relação ao passado, então é natural o percentual cair. Mas a pobreza em si aumentou e bastante, pois são mais barrigas passando fome. Vamos falar da América Latina agora. A reportagem do jornal eletrônico Nexo mostra alguns dados tirados da CEPAL (Comissão econômica para a América Latina). Segue: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2016/12/09/A-desigualdade-e-a-pobreza-na-América-Latina Em 1990 o continente tinha cerca 202 milhões de pobres, hoje seriam 168 milhões. Na verdade a redução de pobres geral foi de 16% em 26 anos. Nesse ritmo para zerar a pobreza seriam necessários mais de 100 anos. Um tempo e um ritmo nem um pouco razoável. Em relação ao mundo: crescimento de 4,4 para 7,4 bilhões de pessoasdesde 1980.
No cálculo do Banco Mundial a pobreza fica de 44% em 1980 para 9,6% hoje, são no entanto quase dois bilhões de pobres em 1980 para pouco mais de 700 milhões de pobres hoje em dia. Uma redução e tanto, de fato. No entanto a página pesquisada faz diversas ponderações e fala das limitações dos números. A começar que define pobreza apenas como as pessoas que vivem com menos ou até U$ 1,89 dólares por dia. Nos dados do estudo de Bourguignon & Morrisson a extrema pobreza (até 1 dólar por dia) em termos percentuais caiu apenas de 32% para 24%. E a pobreza (até 2 dólares por dia) de 55% em 1980 para 52% em meados de 2000, pois não tinha dados para os anos recentes. Uma redução magérrima e bem tímida. No cálculo de números gerais a pobreza teria crescido com base nesse estudo, pois 32% em 1980 seriam 1,4 bilhões de pobres, já 24% de hoje seriam mais de 1,7 bilhões. Você pode conferir esses dados neste endereço: ourworldindata.org/world-poverty/ No livro de Dani Rodrik lançado aqui no Brasil – “A globalização foi longe demais?” – ele fala sobre o aumento da desigualdade no mundo, mas fala de uma suposta redução de pobreza mundial e de uma diminuição de desigualdade entre os países emergentes e os desenvolvidos. Ele faz ponderações sobre isso no livro, mas deve ser difícil evitar o contra argumento do crescimento chinês e indiano, baseados em força de trabalho, acumulação de capital e quebra de patentes. Notadamente foram os crescimentos do PIB da China e da Índia nas últimas décadas que puxaram essa queda de desigualdade de PIB entre emergentes e desenvolvidos. Vale a pena também pesquisar os economistas Angus Deaton (Nobel de economia recentemente) e Jeffrey Sachs sobre o assunto, pois os dois tem livros interessantes sobre o tema. No entanto a afirmativa de que “nunca fomos tão ricos” deve ser visto com muita parcimônia. Primeiro pela limitação desses dados de pobreza e do conceito do que é pobreza. Segundo que essas reduções percentuais de faixas mínimas da população mais miseráveis que existem (vivendo com meados de R$ 200 reais mensais) não definem sucesso do capitalismo de forma alguma, muito menos inviabilizam qualquer crítica de teor socialista. Na ideia que eu entendo de socialismo pobreza é desigualdade, sem divisões. Se o estoque de riqueza e o valor são construídos pelo conjunto de trabalhadores, segundo a ideia marxista, mas os mesmos não usufruem de toda sua produção, logo, são desiguais. Desiguaise pobres.
Onde uma estatística de pessoas que vivem com até U$ 2 dólares por dia entra nisso? Ainda por cima que segundo alguns dados calculados aqui a pobreza nem caiu, pelo contrário, aumentou em números totais. Mesmo com biotecnologia, avanços na agricultura, aumento da extensão agrícola, escala de produção alimentícia, etc. Talvez os liberais e adeptos da Escola Austríaca pensem que a redução da pobreza e a ideia de que “nunca fomos tão ricos” esteja interligada com a escala de produção dos iphones e a sua disponibilidade em percentual para a população mundial ou algo do tipo. Só usei o iphone como exemplo, mas pode ser estendida a ideia para outros produtos (automóveis e uso da internet, por exemplo). Então nesse caso há uma confusão entre os conceitos de escala de produção, pobreza e desigualdade. Bom, fica a seu critério fazer a própria auto-reflexão sobre oassunto.
O assunto despertou interesse, além do estudo da Oxfam recentemente, também pelo embate de Henrique Meirelles e a representante do FMI no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), Christina Lagarde. Ele afirmou o combate ao desequilíbrio fiscal a todo custo aqui no Brasil enquanto ela respondeu que a prioridade deveria ser o combate da desigualdade social, mas aí já é assunto para outras conversas eoutros posts…
UMA CRISE ECONÔMICA SEM FIM? 17 _terça-feira_ jan 2017Posted by diogomnz
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≈ DEIXE UM COMENTÁRIO Passei muito tempo sem escrever e dar satisfação. Foram vários ‘drafts’ salvos com diversas pautas para o blog. Falta de tempo, novo emprego, contratempos, vários foram os motivos. Além de um perfeccionismo e um excesso de tecnicismo com pesquisa talvez não necessário ao blog. Algumas pautas: crise do empreendedorismo, crise da social-democracia, Donald Trump, preço das commodities, Estado de Bem-Estar Social, impeachment de Dilma, soluções da crise fiscal brasileira, PEC 241 (agora PEC 55), natureza morta nos bancos públicos brasileiros, etc. No entanto, a pergunta que fica é: a crise brasileira não tem fim? Brexit, Donald Trump, George Soros, falência do projeto ‘cosplay’ do PSOL na Grécia (com Alexis Tsipras aderindo à solução da Troika), falência da social-democracia de esquerda no Brasil (PT ePSOL), etc.
A solução à esquerda seria um socialismo radical? Eu penso quesim.
A social-democracia ao meu ver falhou na sua variante à esquerda, pois fica claro que o Estado de Bem-Estar Social necessita de um financiamento que se exauriu. Os sulamericanos estão todos em crise ou contendo gastos como podem, principalmente os mais importantes da região (Brasil e Argentina). A Venezuela, na época da alta de commodities a grande vedete da América do Sul, hoje vive dias de tristeza e hecatombe econômica que os cínicos cúmplices da “ex-querda” latina insistem em negar. Escassez, inflação absurda, fome, fuga de gente, brigas políticas,etc.
Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal e afins não conseguem se recuperar da hecatombe fiscal de 2011. Tristes países periféricos… Nos anos 70 aS crises dos emergentes e pobres decorria da alta dopetróleo.
Nos anos 80 da escalada da dívida pública via juros altos do FED e também do segundo choque do petróleo. Nos anos 90 do sucateamento dos serviços públicos, diminuição de gastos públicos, demanda raquítica, desemprego absurdo, etc. E com a desculpa neoliberal de ser “escolha racional” pela redução do Estado e despolitização dos setores produtivos e de serviços essenciais. Foi a época de ouro do raciocínio a la Francis Fukuyama: “Imite os Estados Unidos e dê certo” Não era tão fácil assim na prática, evidente. Nos anos 2000 houve um inflacionamento das commodities devido ao crédito subprime dos EUA, aliado com a máquina belicista para financiar a “Guerra ao Terror” e o crescimento com apetite voraz da China, depois de ser reconhecida como “economia de mercado”pela OMC em 2001.
Agora, após o “crash” dos EUA de 2008/2009, houve a crise fiscal de vários países (inclusive da zona do euro) em 2011 e uma redução dos preços de commodities, além de valorização do dólar em relação a todas as outras moedas nacionais (sobretudo dosemergentes).
O fato é que o Brasil não tem uma boa receita dentro do capitalismoglobal.
Apostou na abertura de mercado desenfreada com câmbio sobre-apreciado e na destruição criativa de Schumpeter nos anos 90, mas não deu resultados expressivos. Apostou no “Capitalismo de Estado” com Dilma e não deuresultados.
Há de se mencionar que há um imenso debate entre os sociais democratas intervencionistas sobre os termos “social desenvolvimentista” e “novo desenvolvimentista”. Os intervencionistas críticos – mas nem tanto – do governo Dilma falam que o governo da mesma seguiu o social desenvolvimentismo, ou “keynesianismo vulgar”, seguido do início do segundo mandato com um recuo neoliberal totalmente suicida com a austeridade fiscal. Bem apelidada de “austericídio”. O governo Lula teve certos resultados – onde isso também pode ser questionado – devido ao super-ciclo de commodities que agora não tem mais. Os neoliberais que agora voltaram a estar na moda falam que o mérito de Lula foi ter continuado a matriz macroeconômica do governo anterior. Mas também mencionam, várias vezes, o super-ciclo de commodities e a entrada da China na OMC em 2001, o que acabou – segundo eles – elevando a produtividade da economia brasileira de maneira inorgânica, digamos assim. Se a gente for levar em conta o que eles dizem, há uma certa contradição, já que não foi então a matriz macroeconômica do governo FHC continuada por Lula que trouxe sucesso, mas sim o super-ciclo de commodities. Se não continuaríamos com uma economiamorta.
Fica claro e evidente as críticas do professor Reinaldo Gonçalves da UFRJ, quando dizia que ambos (FHC e Lula) praticavam um governo de liberalismo periférico. X————–Essa primeira parte do texto foi escrita meses atrás, com algumas pequenas correções e adições recentes ———————————X O governo Temer chegou com um verdadeiro “agendão” neoliberal revival do final dos anos 90. Aprovaram a PEC 55 com maioria nas duas casas do legislativo, reformaram o ensino médio, colocaram o déficit nas contas do governo lá em cima para conseguir credibilidade do mercado, colocaram um privatista na direção da Petrobras, venderam ativos da Petrobras (Petroquimica Suape por exemplo), entregaram o pré-sal pros estrangeiros, etc. Tudo isso em torno de uma tal “confiança do mercado” para reativar investimentos privados. Isso foi apelidado pelos novos-desenvolvimentistas brasileiros de “fada da confiança”. Nesse caso a crítica dos sociais-desenvolvimentistas e sobretudo dos novos-desenvolvimentistas fez sentido. Por enquanto é uma fada mesmo, não passa de ilusão. O PIB caiu no terceiro trimestre de 2016 em 0,8% (mais do que os 0,6% do segundo trimestre). Um detalhe importante: estatisticamente falando, quanto mais quedas trimestrais um agregado macroeconômico tem, mas fica difícil cair. A tendência sempre é a retomada. No caso do Brasil eram simplesmente mais de oito trimestres de queda no PIB. Ainda assim o governo Temer conseguiu cair mais ainda. A indústria teve queda e capacidade ociosa em mínima histórica. É uma verdadeira terra arrasada sem fim. Hoje é dia 17/01/2017 e por enquanto o cenário é esse. Como se não bastasse, temos um mercado de capitais sobre-apreciado e líquido demais, com inevitável possibilidade de um novo tombo de um negócio que já estava ruim. O mercado de imóveis no Brasil inteiro está completamente parado. Há uma imensa vacância de estabelecimentos comerciais. Nas principais capitais do país o número de placas escrito “Aluga-se” chega a assustar. Recentemente André Lara Resende, um dos pais do Plano Real e do neoliberalismo à brasileira, escreveu um artigo para o Valor Econômico falando em conservadorismo econômico e descida da taxaSELIC.
O Banco Central anunciou uma queda de 1% na SELIC no dia 10/01/2017. No entanto a taxa real (diferença entre taxa nominal e inflação) continua sobremaneira alta, visto que a inflação recuou em 2016 e deve recuar mais em 2017. Enfim, é um cenário de altíssima incerteza. Vamos retomar a atividade do blog!Anexos:
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-01/banco-central-reduz-selic-para-13-ao-ano-e-surpreende-o-mercado.
http://jornalggn.com.br/noticia/juros-e-conservadorismo-intelectual-por-andre-lara-resende.
O NORDESTE E SUA ECONOMIA – PARTE 1 (A REGIÃO NUNCAFOI SUSTENTADA)
25 _segunda-feira_ jul 2016Posted by diogomnz
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_FORTALEZA, CAPITAL DO CEARÁ. __REGIÃO ECONOMICAMENTE DINÂMICA DO NORDESTE E CIDADE DESTAQUE NO INÍCIO DOS ANOS 90 EM TODO BRASIL PELO CRESCIMENTO ACELERADO._ Há um tempo atrás sempre que o PT conseguia vencer uma eleição presidencial no Brasil surgia na internet várias polêmicas entre as regiões brasileiras, normalmente com os paulistas ou o pessoal dos estados do Sul e Sudeste brasileiro falando que o Nordeste era um peso morto para a economia brasileira. E também algumas agressões gratuitas muito mais grotescas e bizarras que uma simples críticaeconomicista.
No site do Instituto Mises Brasil chegou a circular um texto em que se comparam estados “pagadores de impostos” e estados “receptores de impostos”. Era uma lista comparando o total de tributos federais recolhidos por cada ente da federação em contraponto aos repasses constitucionais que recebiam do governo federal através do FPM e FPE. Veja com seus próprios olhos: http://goo.gl/i5JE Teve um blog de um rapaz da seita da Escola Austríaca também falando sobre isso: https://goo.gl/DxLBKx O rapaz autor desse último texto é um tal Roberto Barricelli, suposto professor de história, escritor e que coleciona polêmicasna internet…
Aviso de antemão, esse post não pretende ser tão rigoroso com anexos acadêmicos, explicações minuciosas, apresentação de teses diversas sobre as causas e supostamente os remédios para as desigualdades regionais do Brasil. Pretendo fazer isso no blog mais para frente sobre o mesmo assunto, mas ainda preciso complementar os estudos sobre o assunto para fundamentar melhor minhas opiniões, além de apresentar uma montanha de dados. São diversas teses, dados, informações históricas, etc. A minha intenção é também fazer uma resenha e possível crítica do livro ‘Desigualdades regionais do Brasil’ do economista pernambucano Alexandre Rands, um clássicorecente do assunto.
Mas, voltando a questão, como esse blog foi aberto para desmentir parte do mainstream econômico – na questão da abordagem da produtividade por exemplo – , também para desmontar a Escola Austríaca – que é um charlatanismo intelectual – e desmistificar as sabedorias de senso comum em relação à economia em geral, acredito que a pauta das desigualdades regionais são bastante prudentes nesse sentido de fraturar o senso comum, pois ainda há uma visão de grande parte do cidadão médio do Sul e Sudeste de que eles com seus trabalhos duros (a qual eu não duvido) sustentam os “preguiçosos” do Nordeste. Há uma ideia ou crença de que a região “suga” os recursos federais e que os eleitores da região são “piores”. Entretanto nada disso tem a menor lógica, pois basta um breve conhecimento em história – para saber que o Nordeste era a região mais desenvolvida durante o período colonial – e um razoável conhecimento em contabilidade pública (auditoria fiscal) além de economia política para saber desmistificar essas coisas. Na verdade isso decorre de um traço sociológico básico do brasileiro médio, normalmente longe de ser rico, aquele classe média que vive apertado mas pensa fazer parte da elite. Esse tipo de sujeito social se sente mais confortável achando ou enxergando alguém em situação pior, pois pensa: “estou ruim, mas tempiores”.
É o chamado higienismo médio da classe média brasileira. E isso se alastra para a questão regional também, onde parte do pessoal da pseudo elite do Sul e Sudeste pensa que está muito melhor que oNordeste…
Para ir direto ao ponto: a região não é e nunca foi sustentada economicamente ou financeiramente, independente de ser mais atrasada ou menos desenvolvida que as outras. A origem da desigualdade em termos de PIB per capita ou IDH já é outra discussão. A questão chave é que a região se paga no sistema federativo e é muitoviável.
Além das questões chauvinistas e de comportamento, há o fato de recentemente a questão federativa ter sido novamente questionada na política nacional com a negativa da troca de indexadores da dívida pública dos estados e municípios pelo congresso, com votos em peso da bancada do Nordeste pelo veto. Houve também um encontro de políticos nordestinos com o atual ministro da fazenda em exercício, Henrique Meirelles, pedindo compensações aos estados nordestinos no valor de R$ 14 bilhões perdidos por incentivos fiscais concedidos pelo governo federal em anos anteriores, a qual impactaram na queda dos repasses via FPE e FPM e consequentemente em perdas econômico-financeiras aos estados e municípios nordestinos… Anos atrás a questão regional foi colocada na mídia também por outros assuntos econômicos, incluindo a famigerada “Guerra dos Portos”, a decisão do STF sobre os incentivos fiscais a nível estadual (sobre a unificação das alíquotas do ICMS) e a nacionalização do fundo social do pré-sal brasileiro (com a emenda Ibsen), muito contestado por políticos do Rio de Janeiro e EspíritoSanto.
O movimento “Sul é meu país” da região Sul também vem ganhando bastante força, ainda mais com todas as crises recentes do endividamento público do estado do Rio Grande do Sul com a União. Indo diretamente na questão dos recolhimentos dos tributos federais e dos repasses, vale dizer que os repasses representam apenas 9,63% do orçamento da União. Segue abaixo o gráfico pizza dos percentuais do orçamento da Uniãode 2014:
Além de não representar mais de 10% do orçamento da União, é preciso revisar um pouco a contabilidade nacional e o sistema econômico distributivo do Brasil. Também, é claro, falar da estrutura tarifária do país com o estrangeiro, considerada ainda muito fechada por economistas da ortodoxia mainstream. Um primeiro exemplo de assimetria, simplista mas que serve para ilustrar esse tal sistema econômico distributivo do Brasil: um nordestino de classe média compra um carro popular de R$ 35 mil reais novo na concessionária, à vista. Esse carro é produzido em São Paulo, então a tributação federal em cima desse produto será contabilizada em São Paulo, onde ocorre a produção, porém, o consumo veio de outra região. Muita gente pode falar que isso é um mérito do estado de São Paulo, mas não se pode esquecer a estrutura aduaneira e tarifária do Brasil com o resto do mundo, além da localização do parque industrial de bens duráveis (como os automóveis) no país. Se o Brasil é fechado para o resto do mundo, que tem uma escala industrial automotiva muito maior além de custos de produção muito menores – casos visíveis do México, China e Coreia do Sul por exemplo – , isso impede que o consumidor nordestino tenha acesso a um carro mais barato e possivelmente de melhor qualidade, pois os projetos globais de automóveis costumam ser melhores que os projetos e concepções de consumidoresregionalizadas.
E por que eu uso o exemplo da indústria automotiva? É fácil de entender, pois a frota automotiva do Nordeste é de 6 milhões de unidades, que significa 12% de toda frota nacional (aproximadamente). No entanto a fabricação da região no ano de 2015 (mesmo ano da frota estabelecida) foi de cerca de 240 mil mais alguns quebrados (estimativa tirada das produções da FORD em Camaçari-BA e da JEEP em Goiana-PE, além da pequena produção da Troller no Ceará), que em porcentagem seria mais ou menos 10% da produção nacional. Isso contando um ano de ouro para a indústria automotiva nordestina (que teve a inauguração da planta da JEEP) e um ano péssimo para a indústria automotiva do Sudeste (que estava em crise). Tudo bem que é uma conta mal feita, comparando apenas um ano de produção com a frota já estabelecida, que engloba produções passadas. Mas é somente para mostrar os 2% de “dreno” que o nordestino sofre, pois ele consome mais do que produz dentro do próprio país no balanço comercial com outras regiões. E antes da inauguração da JEEP em Pernambuco em 2015 esse dreno era muito maior, causando acumulação e desenvolvimento no Sudeste e condenando o Nordeste ao atraso, por não permitir a ‘auto-poupança’, ‘auto-produção’ e ‘auto-consumo’ da região. É uma espécie de “doença holandesa” (termo do economista Bresser-Pereira) interna do país, onde o Nordeste exporta para o Sudeste os produtos primários e intermediários (insumos) e importa produtos de maior valor adicionado, que demandam maiores intensidades de capital físico e de capital humano mais qualificado. Acaba relegando à região uma condição de colonizada internamente pela competição desigual com parques industriais, estruturas logísticas e estoque de capital humano maiores, acumulados no Sul e Sudeste do Brasil da época exportadora de café (final do século XIX) para cá. E isso não tem nada a ver com meritocracia ou escolhas ótimas (pela ‘Eficiência à Pareto’), visto que a condição tarifária interna é diferente da condição de comércio externo que o Nordeste tem com o resto do mundo. E esse exemplo pode ser estendido da indústria automotiva para todas as outras de bens duráveis (eletrodomésticos, eletrônicos, bens de capital, metalúrgica, siderúrgica, etc.). É mais ou menos essa a tese das desigualdades regionais do Brasil do maior economista brasileiro de todos os tempos na minha opinião, Celso Furtado. O consumo nordestino então acabou financiando e acelerando parte da industrialização, acumulação, o auto-investimento e a evolução do capitalismo do Sudeste, de industrial para financeiro. E parte desses tributos federais recolhidos em matrizes empresariais localizadas no Sudeste decorre do consumo não só do nordestino, como também dos nortistas e do pessoal do Centro-Oeste brasileiro, região que inclusive hoje em dia já tem PIB per capita equiparadoao do Sudeste.
Esse exemplo da indústria de bens duráveis pode ser usado também para o sistema financeiro, pois a riqueza estocada em moeda do Nordeste, o chamado ‘funding’ da região, está poupada ou investida muito provavelmente em conglomerados financeiros sediados no Sudeste ou no Centro-Oeste (no caso de Brasília), casos de Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, etc. Isso acaba sendo outro dreno, e não só de ‘spread’ bancário (que é basicamente o lucro do setor) e de arrecadação federal, como também um limitante da capacidade interna de poupança, de decisões de crédito parainvestimento, etc.
Há de se mencionar o buraco do setor energético, onde o Nordeste e principalmente o Norte é superavitário em questão de produção e consumo, enquanto o Sudeste é deficitário (consome mais do que produz). No entanto, a tributação da energia no Brasil se faz em cima do consumo, causando uma completa externalidade tributária entre as regiões. Isso se deve também à falta de autonomia regional sobre a produção energética, estando a produção regional (ou dos estados) completamente subordinada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e aos leilões da EPE (empresa de pesquisa energética). A região que consome mais, independente da produção (ou seja, mesmo deficitária), acaba sendo beneficiada com uma tributação local maior, e sendo essa a mesma tributação usada nessas continhas de recolhimentos contra repasses. No tocante à indústria e o setor financeiro, é necessário ainda voltar ao assunto para falar que parte do consumo do Sudeste, além das excelentes condições no tocante à elasticidade de demanda local (consumo menos sensível à variação do nível de preços) – que acaba sustentando a escala industrial e produtiva da região – é financiada não só pelo consumo das regiões menos desenvolvidas (Norte e Nordeste), como também é financiada pelos empregos gerados diretamente pelo consumo do Norte e Nordeste. É diferente do consumo direto, argumento apresentado anteriormente por mim nesse texto. É fácil de entender: você tem uma fábrica X que tem produção de 10 unidades somente para abastecer o Sudeste, com massa salarial de cinco. Esse salário de cinco acaba sendo usado para o consumo interno da região. Mas, a fábrica X passa então a abastecer o consumo do Nordeste, elevando a massa salarial de cinco para sete. Ou seja, essas unidades adicionais de massa salarial (com valor dois de diferença) acaba sendo um ganho de demanda local pelo emprego gerado devido ao consumo de outra região. Há além desses fatores o histórico de créditos do BNDES, notadamente favorecendo às indústrias sediadas no Sul e Sudeste brasileiro. Também da Caixa e do Banco do Brasil, esse último responsável por grande parte do crédito produtivo brasileiro em décadas mais antigas. Já a Sudene, que alguns críticos do Sudeste mencionam para dar suporte a uma suposta opinião demagógica e populista de má gerência do dinheiro público por parte dos nordestinos, com a criação da denominação “indústria da seca”, na verdade funcionou praticamente a sua existência inteira como uma estrutura para conceder benefícios fiscais a empresas com matrizes no Sudeste que abriam pequenas filiais no Nordeste brasileiro. E no tocante a obras de infra-estrutura, somando os programas da Sudene (como o famigerado “Água para Todos”) e do DNOCS, não dá o valor de apenas uma grande obra feita pelo governo federal no Sudeste, como a Ponte Rio-Niterói. Isso fora as duplicações e reestruturação de rodovias, metrôs, aeroportos, portos, ferrovias, etc. Sempre com o Sudeste recebendo mais, pela lógica de estar mais necessitado em curto prazo ou de ter importância econômica maior, fazendo com que o consumo nordestino além de financiar o parque industrial também acabe por financiar de maneira indireta a infra-estrutura logística do país. O sistema de capital humano, pelo menos ao meu ver – diferente da opinião de Alexandre Rands por exemplo – é decorrente de uma demanda prévia local, fazendo com que a formação e o treinamento sejam maiores e acumulativos no Sudeste justamente por essa estrutura produtiva totalmente concentrada dentro do próprio país. Isso para não falar da emigração e sucção de cérebros, sentido Nordeste ao eixo Rio-SP, fazendo com que o Nordeste tenha um dreno de mão de obra qualificada, de professores, intelectuais, músicos, artistas e até mesmo a mão de obra de chão de fábrica (que seria uma espécie de sucção de braços e esforço físico), disciplinada e barata, a qual também é fundamental para o crescimento edesenvolvimento.
Podemos ainda falar de estrutura de comunicação, com a concentração espacial e regional da internet, da telefonia e da produção de TV também no eixo Rio-SP, fazendo com que o Nordeste tenha drenado não somente os lucros financeiros advindos dessas atividades, como também a perda de identidade, submissão teórica e comportamental, etc. O fato de muitos nordestinos acharem mesmo que são sustentados por outras regiões ilustra bem isso (da hipótese da submissão teórica e comportamental), assim como a perda de custo de oportunidade em auto-promoção e auto-publicidade no tocante região, além de causar uma ausência de formação de talentos locais em setores econômicos terciários mais modernos, como: teatro, TV, cinema, música, design, publicidade, etc. Trata-se de mais um desastre intra-colonial. Pois ao invés de vender produzir para o mercado interno e também vender para o externo, acabamos servindo apenas de consumidores da produção externa. Na questão da logística de transportes por exemplo, o comércio de automóveis brasileiro é arraigado com o cartel da Fenabrave (a federação das empresas de logística de automóveis), utilizadora das rodovias brasileiras e dos tais caminhões cegonhas. Além de danificar as estradas nordestinas, esse tipo de logística impede as movimentações e os afretamentos portuários do Nordeste, que se recebessem o excedente de automóveis consumidos por esse modal poderia melhorar a economia local através das tarifas (e consequentemente da arrecadação estadual), além de se utilizar de uma estrutura de transportes mais limpa, moderna, eficiente e rápida. Ainda na questão da logística, é necessário deixar claro que esse é um fator de produção pouco mencionado (talvez nem considerado como tal) e fundamental para explicar parte do vilipêndio que a região Nordeste sofre no sistema econômico e distributivo brasileiro. Em todo tipo de logística você precisa de cargas na ida e na volta para baratear o custo dos fretes. Isso serve para qualquer modal, seja: caminhões, vagões ferroviários, navios, aeronaves, etc. Com a falta de diversificação industrial da região Nordeste, por ausência de políticas industriais do governo federal na região (que concentrou em São Paulo e no Sudeste a estrutura produtiva), o frete acaba se tornando inviável por muitas vezes não ter carga para mandar. Esse exemplo é perfeito para o caso dos portos e dos caminhões, até na logística aeroportuária também (que cada dia se torna mais importante). Isso acarreta então numa causação acumulativa, conceito do economista sueco Gunnar Myrdal. Ou no caso uma casualidade reversa, conceito descrito no famoso livro “freakonomics”. Ou seja, a indústria não migra para o Nordeste por causa da logística mais cara, mas a logística não fica mais barata justamente porque a indústria não se direcionou para a região. Sem falar que o governo federal tem uma política comercial forte com o bloco do Mercosul, favorecendo os estados fronteiriços com os países do mesmo, casos dos estados sulistas. Principalmente o Rio Grande do Sul, que faz fronteira com o país de maior relação comercial com o Brasil, no caso a Argentina. No caso do Nordeste a política externa do governo federal desfavorece a região, que fica mais próxima dos EUA, da Europa, da África e doOriente Médio.
Tem a questão do câmbio também, por ser unificado (e não regionalizado). Com certeza se o Nordeste tivesse uma moeda própria, seria muito mais desvalorizada perante o dólar do que o real. As exportações de commodities de estados de outras regiões, sobretudo do Centro-Oeste e do Sudeste (pois São Paulo e Minas Gerais são grandes exportadores agropecuários), acabam valorizando o câmbio de forma desigual no país. A produção não fica no Nordeste, mas a valorização da moeda fica igual para todos. No que isso acarreta? Perda de competitividade na nossa indústria. O Nordeste com uma moeda própria – e evidentemente muito mais desvalorizada perante dólar – com uma excelente proximidade logística com os EUA, México e Europa, com custo unitário da mão de obra baixíssimo, com razoável estrutura industrial e portuária e com capital humano mais abundante que outros países caribenhos, iria favorecer uma entrada maciça de investimento produtivo e industrial de outros países na região. No entanto a apreciação do câmbio devido às outras regiões impede o auto desenvolvimento da região. Tem a questão da proximidade com os grandes centros consumidores (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília), que desfavorece o Norte e o Nordeste na logística, por encarecimento de frete independente da questão produtiva de ter mercadorias para mandar. Ou seja, você até tem mercadorias para mandar, mas a distância física impede uma maior diversificação industrial e uma maior atratividade de negócios. Exemplo prático: Belo Horizonte fica a 580 km de São Paulo por rodovias. Já a distância de Salvador para São Paulo é de 1966 km. Como concorrer nessas condições? É uma diferença de quatro vezes na distância, e isso além de combustível também é tempo, custo, produtividade, etc. Outro absurdo nunca mencionado é a questão da dívida pública federal e a dívida dos estados e municípios. Sempre que o governo federal se endivida o benefício vai para a estrutura produtiva (ou logística) do Sudeste, mas o pagamento e a austeridade são socializados (ou seja, o Nordeste por tabela sempre paga pela farra dos outros). É a famosa tese de Celso Furtado que ele chamava de socialização dos prejuízos. A lógica é: benefícios privados, mas prejuízos distribuídos. Isso ocorria com diversos mecanismos, desde a espiral inflacionária – que penalizava os mais pobres e beneficiava empreiteiros e banqueiros com títulos lastreados na inflação – até a questão do PROER, que foi o programa de salvamento aos bancos (quebrados) brasileiros com dinheiro público. Agora há pouco houve o absurdo das perdas bilionárias da atividade do Banco Central com os chamados swaps cambiais, que foi um mecanismo usado para proteger as perdas financeiras das mega empresas brasileiras sediadas no Sudeste e Centro-Oeste (caso da Friboi) que possuíam dívidas em dólares e posições atreladas ao câmbio. Segundo o economista Alexandre Schwartsman no programa Roda Viva de 2015 foram simplesmente R$ 90 bilhões de afagos aos empresários por parte do Banco Central da metade de 2014 até a metade de 2015. Mais um capítulo da socialização dos prejuízos. O Nordeste paga essa conta, mas não ganha o afago. Esse valor de R$ 90 bilhões é mais do que o PIB inteiro de três estados da região juntos (Piauí, Sergipe e Alagoas) e ainda sobra. Teve agora o escândalo do empresário vice-presidente da FIESP que devia perto de R$ 7 bilhões em tributos atrasados pra União. Esse valor é maior que a dívida dos estados de Pernambuco e do Ceará por exemplo, que são duas potências dinâmicas locais em termos de crescimento e industrialização. Aí você pega a questão da previdência, que faz parte da Seguridade Social e ocupa 20% do orçamento da União (o dobro dos repasses FPM e FPE). A força de trabalho mais jovem do Norte e Nordeste paga indiretamente a aposentadoria da população brutalmente maior e mais idosa do Sudeste, e por tabela acaba ajudando também ao Sul do Brasil, mesmo essa tendo menor volume de população, mas sendo uma região muito mais idosa também. E nada desses detalhes são mencionados pela mídia ou por essas think-thanks de orientação da Escola Austríaca de economia. Nada,omitem tudo.
Foram todos esses drenos que acarretaram agora na união dos políticos nordestinos para impedir a troca de indexadores das dívidas dos estados e municípios. O estado de São Paulo deve por exemplo R$ 224 bilhões. O estado de Alagoas – o mais endividado da região Nordeste – tem R$ 8 bilhões de dívidas. Note a diferençaem volume.
Se for comparar regiões brasileiras, o Nordeste tem aproximadamente R$ 20 bilhões de endividamento total, o Sudeste cerca de R$ 360 bilhões e o Sul EM R$ 70 bilhões. Em termos proporcionais com o PIB, contando com os dados do IBGE de 2013 – que é defasado em relação ao endividamento agora de fevereiro de 2016 – o Nordeste fica em 2,5% do PIB, o Sudeste em 12,2% do PIB e o Sul 7,9%. Para terminar, Norte com 1,3% e Centro-Oeste com 4,3%. Ou seja, Norte e Nordeste, as regiões supostamente “pobrezinhas”, são as mais saneadas no quesito fiscal, o que indica que não há má gestão dos recursos públicos e nem esse coronelismo midiático de mentira que a imprensa do Sudeste inventa de forma odiosa, preconceituosa e irresponsável. Mesmo com todos os drenos produtivos sofridos e mencionados anteriormente, o que explica a falta de recolhimentos federais nas regiões. A tese central do economista Alexandre Rands no livro que eu já mencionei é a de que a diferença de PIB per capita descontados os preços de custos básicos das regiões, entre Nordeste e Sudeste, decorre basicamente do grau médio de qualificação de capital humano entre as regiões. Eu acredito que a tese central dele apresenta diversas fragilidades e devo mostrar isso num post mais adiante, como falei no começo desse texto. O fato é que essa conta de recolhimentos federais em contraponto aos repasses é muito mal feita e mal explicada. É uma conversa contada pela metade que acaba se tornando uma falácia pouco rebatida. Não se pode nunca olhar para essa assimetria e falar que o Nordeste pobre é “sustentado” pelo Sudeste rico e produtivo, já que esses repasses são justamente para tentar conter o grande dreno produtivo entre as regiões, visto que, como eu expliquei de forma mais didática impossível, há regiões produtoras e regiões que servem apenas de consumidoras internas no país. E pode ter certeza, nenhum político nordestino gosta de depender desses repasses ao invés de depender de arrecadações próprias.Links:
http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/06/entenda-divida-dos-estados-com-uniao.html http://www.bahianoticias.com.br/noticia/192925-nordeste-pede-ajuda-urgente-de-r-143-bilhoes-ao-governo-federal.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8987cons.htm http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2016/05/02/interna_politica,758266/dividas-dos-estados-sao-heranca-explosiva.shtml http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2013/default_xls_especiais.shtm http://exame.abril.com.br/economia/noticias/divida-de-diretor-da-fiesp-com-a-uniao-e-de-r-6-9-bilhoes ← Posts mais AntigosAnúncios
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